ATA DA DÉCIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 25-03-2002.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de março do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Almerindo Filho, Clênia Maranhão, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Raul Carrion, Sebastião Melo e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano e Berna Menezes. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foram aprovadas as Atas da Décima Primeira, Décima Segunda e Décima Terceira Sessões Ordinárias e a Ata da Primeira Sessão Solene. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Beto Moesch, 04 Pedidos de Providências; pelo Vereador Haroldo de Souza, 01 Pedido de Providências; pela Vereadora Maria Celeste, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 048 e 050/02 (Processos n.ºs 1138 e 1142/02, respectivamente); pelo Vereador Paulo Brum, o Pedido de Informações n.º 089/02 (Processo n.º 1177/02); pelo Vereador Reginaldo Pujol, o Pedido de Informações n.º 088/02 (Processo n.º 1162/02); pelo Vereador Sebastião Melo, 04 Pedidos de Providências. Também, foram apregoados os seguintes Memorandos, firmados pelo Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre: de n.º 030/02, informando que o Vereador Elói Guimarães representará externamente este Legislativo na cerimônia de posse do Desembargador Carlos Zietlow Duro, a ser realizada hoje, às quatorze horas, no Plenário Ministro Pedro Soares Muñoz do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; de n.º 031/02, informando que o Vereador Carlos Alberto Garcia representou externamente este Legislativo na cerimônia de lançamento da 1ª Copa Cidade de Porto Alegre de Futsal, realizado às oito horas e trinta minutos de hoje no Auditório da Paquetá. Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios n.º 204 e 205/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, aos Senhores Paulo Bueno e Gentil da Luz, respectivamente integrante e Presidente da Associação de Moradores Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni - CAJJA'S, que discorreram sobre a instalação de Posto de Saúde Família - PSF - na região, em substituição ao posto de saúde já existente no local, analisando a estrutura de funcionamento atualmente adotada nesse posto e afirmando que a instalação do Posto de Saúde Família trará prejuízos ao atendimento médico hoje prestado àquela comunidade. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Haroldo de Souza, Almerindo Filho, Estilac Xavier, João Antonio Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Sebastião Melo, Ervino Besson, Clênia Maranhão, Raul Carrion e Cassiá Carpes manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e nove minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Raul Carrion, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Também, o Vereador Sebastião Melo formulou Requerimento verbal, solicitando informações acerca do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02 (Processo n.º 0692/02). Em continuidade, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a homenagear os oitenta anos de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B, nos termos do Requerimento n.º 006/02 (Processo n.º 0019/02), de autoria do Vereador Raul Carrion. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Deputada Estadual Jussara Cony, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Adalberto Frasson, Presidente Estadual do Partido Comunista do Brasil - PC do B; o Senhor Walter Sorrentino, representante do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil - PC do B. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Raul Carrion homenageou o Partido Comunista do Brasil - PC do B - pelo transcurso do seu octogésimo ano de existência, citando fatos históricos alusivos à criação dessa agremiação partidária e dissertando sobre as diretrizes políticas e o ativismo desenvolvido por esse partido perante a sociedade brasileira, através da luta pela igualdade e contra a exclusão social. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Raul Carrion deu prosseguimento ao pronunciamento efetuado por Sua Excelência em Grande Expediente, manifestando-se sobre os oitenta anos de existência do Partido Comunista do Brasil - PC do B - e historiando a participação desse partido nas principais lutas políticas empreendidas no Brasil, notadamente no período da História Contemporânea em que o País foi governado por militares. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Daniel Sebastiani, Presidente Estadual do Partido Comunista Brasileiro - PCB, convidando Sua Senhoria a integrar a Mesa dos trabalhos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Estilac Xavier cumprimentou os filiados e militantes do Partido Comunista do Brasil - PC do B - pelo octogésimo aniversário de fundação desse partido, destacando ser o PC do B o mais antigo partido político em atividade no País, comentando o trabalho empreendido por essa agremiação partidária e salientando a figura do Senhor João Amazonas, Presidente de Honra do PC do B. O Vereador Sebastião Melo saudou o Vereador Raul Carrion pela iniciativa da proposição da presente homenagem, alusiva aos oitenta anos de existência do Partido Comunista do Brasil - PC do B, abordando dados relativos à história e ao posicionamento sempre adotado pelos integrantes dessa agremiação partidária, no sentido de promover a defesa dos interesses nacionais e o combate à miséria e à exclusão social. O Vereador Isaac Ainhorn afirmou a justeza da homenagem hoje prestada ao Partido Comunista do Brasil - PC do B, por ocasião do transcurso dos seus oitenta anos de existência, dissertando sobre os principais movimentos populares organizados no País principalmente na década de vinte e enfatizando a importância da participação do PC do B no cenário político brasileiro, especialmente através do Senhor João Amazonas. Após, o Senhor Presidente convidou o Vereador Raul Carrion a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Amazonas, representado nesta solenidade pelo Senhor Walter Sorrentino, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre aos oitenta anos de existência do Partido Comunista do Brasil - PC do B - e da entrega da referida honraria ao Senhor João Amazonas. Às quinze horas e trinta e nove minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e quarenta e dois minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Carlos Nedel, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 002/02 (Processo n.º 1030/02). Em GRANDE EXPEDIENTE, a Vereadora Sofia Cavedon referiu-se à homenagem hoje prestada ao Partido Comunista do Brasil - PC do B. Também, manifestou-se sobre a visita feita ao Brasil pelo Senhor Jean Ziegler, Comissário da Organização das Nações Unidas responsável pelo programa "Alimentos como Direito", analisando dados estatísticos alusivos à situação vivenciada pelas comunidades carentes brasileiras. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Haroldo de Souza justificou a sua ausência durante a solenidade hoje realizada nesta Casa, alusiva ao octogésimo aniversário de fundação do Partido Comunista do Brasil - PC do B. Também, externou sua contrariedade à atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, notadamente quanto a incidente ocorrido em propriedade rural localizada em Buritis - MG. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Nereu D'Avila avaliou pesquisa realizada entre adolescentes das Regiões Norte e Nordeste do Brasil, acerca da inclusão, nos currículos escolares, do conteúdo de educação sexual, referindo-se à Lei Municipal n.º 7.583/95, que institui esse conteúdo nos currículos da rede pública de ensino e criticando o modo como esse diploma legal foi regulamentado pelo Executivo Municipal. O Vereador Adeli Sell parabenizou a Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio - SMIC - pela operação de combate à venda ilegal de vales-transporte realizada hoje no Centro de Porto Alegre. Também, mencionou estar realizando estudo relativo aos níveis de poluição sonora verificados na Cidade, abordando dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde - OMS - quanto ao tema e propugnando pela adoção de medidas de combate a esse problema. Na ocasião, o Vereador Nereu D'Avila formulou Requerimento verbal, solicitando manifestação da Comissão de Constituição e Justiça quanto à regulamentação feita pelo Executivo Municipal, através do Decreto n.º 11.348/95, à Lei Municipal n.º 7.583/95, a qual institui, na rede municipal de ensino, o conteúdo de educação sexual, ao que a Senhora Presidenta determinou fosse esse Requerimento formalizado por escrito. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Paulo Brum aludiu ao pronunciamento efetuado pela Senhora Marianne Stumpf, Diretora Regional da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS - durante a Tribuna Popular do dia vinte e dois de março do corrente e registrou o lançamento de CD-ROM do Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos. Também, criticou o Governo do Estado pela falta de repasse de verbas para a aquisição de cadeiras de rodas para pessoas portadores de deficiência. O Vereador Beto Moesch discursou sobre manifestação realizada por Dom Dadeus Grings, Arcebispo de Porto Algre, quanto ao teor de cartilha eleitoral lançada durante reunião-almoço da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas - ADCE. Nesse sentido, destacou a qualidade da mencionada publicação, registrando que a mesma visa a orientar os eleitores à luz dos princípios básicos da doutrina social da Igreja Católica Apostólica Romana. Na oportunidade, a Senhora Presidenta registrou a presença das professoras Alaíde Teixeira, Ana Lúcia Rangel e Eliane Gomes, bem como de alunos da Escola Estadual Visconde de Pelotas, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política promovido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e da Região Metropolitana. A seguir, constatada a existência de quórum, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Isaac Ainhorn, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, por dezessete votos SIM e nove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Estilac Xavier e João Antonio Dib, em votação nominal solicitada pelo Vereador Estilac Xavier, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Sebastião Melo e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Berna Menezes, Estilac Xavier, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion e Sofia Cavedon, tendo o Vereador Estilac Xavier manifestado-se a respeito da matéria. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se a respeito da realização do XIII Congresso Nacional do Partido Popular Socialista - PPS, ocorrido nos dias vinte e três e vinte e quatro de março do corrente, em Niterói - RJ, reportando-se a ato político realizado na ocasião, com a presença de diversas lideranças nacionais desse partido, de apoio à candidatura do Senhor Ciro Gomes ao cargo de Presidente da República. O Vereador João Antonio Dib discorreu acerca do vigésimo quarto aniversário do Brique da Redenção, ocorrido no dia vinte e quatro de março do corrente, tecendo críticas à falta de menção aos idealizadores do Brique durante as festividades. Também, comparou as atitudes tomadas por Sua Excelência quando exerceu o cargo de Prefeito desta Capital com as adotadas pelo Senhor Tarso Genro no que se refere à publicidade oficial e às políticas sociais implementadas em Porto Alegre. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02, discutido pelos Vereadores João Carlos Nedel, Sebastião Melo, João Antonio Dib, Luiz Braz e Sofia Cavedon, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 034, 039, 040 e 042/02, o Projeto de Lei do Executivo n.º 017/02, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 002/02, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 001/02, discutido pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Decreto Legislativo n.º 001/02, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 024 e 036/02, o Projeto de Lei do Executivo n.º 021/02, os Projetos de Resolução n.ºs 120, 121 e 123/01, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 009/01; em 4ª Sessão, o Projeto de Resolução n.º 057/02; em 5ª Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n.º 001/02, o Projeto de Resolução n.º 056/02. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Deputado Federal Osmar Terra. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia, procedendo à leitura de trechos de artigo publicado em jornal do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte de Porto Alegre – SINTRAN, discursou acerca da diminuição de verbas destinadas a programas educativos em escolas, empresas de ônibus urbanos e de carga nesta Capital. Também, posicionou-se contrariamente ao aumento do número de controladores eletrônicos de trânsito utilizados nesta Cidade. Na ocasião, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, solicitando que as inscrições dos Senhores Vereadores para o Período de Comunicações da presente Sessão sejam transferidas para a Décima Sétima Sessão Ordinária, a ser realizada no dia vinte e sete de março do corrente, ao que o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a inexistência de previsão regimental para tal pedido e tendo o ver Marcelo Danéris manifestado-se sobre o assunto. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt manifestou-se sobre o Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02 (Processo n.º 0692/02), que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência e disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, mencionando a necessidade de que seja apresentado um Substitutivo a esse Projeto, para que haja condições de aprovação do mesmo por este Legislativo. O Vereador Elói Guimarães teceu considerações a respeito de invasão de propriedade rural pertencente a familiares do Senhor Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República, localizada no Município de Buritis, no Estado de Minas Gerais, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, traçando um comparativo das atitudes deste movimento com as utilizadas por grupos revolucionários da América Latina. O Vereador Estilac Xavier procedeu à análise de aspectos legais do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02 (Processo n.º 0692/02), que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência e disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, salientando as medidas adotadas pelo Poder Judiciário que viabilizaram o afastamento de dirigentes do Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre - MFM. O Vereador Isaac Ainhorn teceu críticas ao Executivo Municipal, no que diz respeito ao exercício do poder regulamentar, afirmando que, no entender de Sua Excelência, a aplicação de Decretos deve observar os dispositivos legais vigentes. Também, pronunciou-se sobre o Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02, que versa sobre a criação do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre - PREVIMPA. O Vereador Luiz Braz discorreu sobre a tramitação do Projeto de Lei Complementar do Executivo n.º 001/02, manifestando-se contrariamente às alterações propostas pelo Executivo Municipal, no que tange à regulamentação do sistema previdenciário dos funcionários públicos municipais. Nesse sentido, analisou a postura adotada pelo Partido dos Trabalhadores à frente do Governo Municipal, no que se refere ao encaminhamento desse tema. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 012/00, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por vinte e um votos SIM e dez votos NÃO, após ser discutido pela Vereadora Sofia Cavedon e encaminhado à votação pelos Vereadores Maria Celeste, Ervino Besson e Elói Guimarães, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Antonio Hohlfeldt, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, João Bosco Vaz, José Fortunati, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Berna Menezes, tendo o Senhor Presidente, face Questões de Ordem formuladas pelo Vereador Reginaldo Pujol, prestado esclarecimentos acerca da apreciação desse Projeto. Em continuidade, face manifestação do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do horário de encerramento dos trabalhos da presente Sessão. Após, o Vereador Isaac Ainhorn, formulou Requerimento verbal, solicitando a votação imediata da prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos regimentais, o qual obteve dez votos SIM e três votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo Vereador Adeli Sell, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Raul Carrion, Sofia Cavedon e Berna Menezes e Não os Vereadores Carlos Alberto Garcia, José Fortunati e Sebastião Melo, votação esta declarada nula pelo Senhor Presidente, face à inexistência de quórum deliberativo. Às dezoito horas e cinqüenta e um minutos, constatada a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Reginaldo Pujol, Helena Bonumá e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Helena Bonumá e Paulo Brum. Do que eu, Helena Bonumá, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Gentil da Luz, Presidente da Associação de Moradores Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni – CAJJA’S -, e o Sr. Paulo Bueno, Diretor Social da CAJJA’S, estão com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos. Eles falarão sobre o Posto de Saúde, PSF.

 

O SR. PAULO BUENO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, líderes comunitários e demais presentes, boa-tarde.

A Unidade de Saúde Jardim das Palmeiras já existe há, mais ou menos, onze anos. Há quatro anos, com uma conquista no Orçamento Participativo da Região Centro-Sul, passou de uma área de 25m2 para 125m2 e a Secretaria da Saúde, que já fez várias assembléias na Associação MAJAGRU com a comunidade, viu que essa não concorda com a troca da Unidade de Saúde pelo Posto de Saúde Família.

Hoje, a comunidade tem três médicos - clínico geral, pediatra, ginecologista -, uma enfermeira padrão e quatro auxiliares de enfermagem.

A comunidade está satisfeita com o atendimento dos médicos e a maneira como são efetuados os agendamentos. Conforme informações do Dr. Ronald, nas reuniões efetuadas no MAJAGRU, ficamos sem entender direito o funcionamento do Posto de Saúde Família. Verificamos junto a outros médicos e as unidades de saúde como, realmente, funciona o PSF e chegamos à conclusão de que o atendimento não serve para a nossa comunidade, pois, hoje, temos um atendimento, local, feito por médicos realmente definidos e não um médico ou um supermédico que a Prefeitura e o Governo do Estado querem nos colocar.

Eu espero que, com isso, os Srs. Vereadores, responsáveis politicamente pela comunidade, não façam essa troca, que mantenham o atendimento humano que, hoje, a comunidade carente possui e não venham a colocar o PSF, que é totalmente desumano, onde um supermédico - e isso não existe - iria de casa em casa, simplesmente verificando o que a pessoa tem e fazendo um encaminhamento para um atendimento no SUS, que, hoje, os senhores sabem que leva dois, três, quatro meses, enquanto que o atendimento na Unidade de Saúde é feito no dia ou, no máximo, no dia subseqüente. Passo a palavra ao Sr. Gentil da Luz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. GENTIL DA LUZ: Vereadores e Vereadoras, líderes comunitários e demais presentes.

Meu nome é Gentil da Luz, sou Presidente da Associação de Moradores Cavalhada, Jardim das Palmeiras, Amapá, João Vedana e João Salomoni, na qual nós representamos aproximadamente trinta mil pessoas. Eu, há quatro anos, fui Presidente do MAJAGRU - que é o Núcleo Comunitário Madepinho, Jardim das Palmeiras e Grutinha.

Eu pedi esse Posto de Saúde, que é um ambiente, porque já tínhamos um posto lá, no tempo em que o Dep. Federal Henrique Fontana era Secretário, e foi uma conquista nossa no Orçamento Participativo, no qual mais de cem delegados votaram a favor desse aumento do Posto de Saúde. Mais de cem delegados. E o que eles representam? Mais de duzentas mil pessoas, que são líderes comunitários nos seus bairros.

Esteve lá na Associação do Núcleo Comunitário Madepinho, Jardim das Palmeiras e Grutinha, o MAJAGRU, o Sr. Ronald. Parece que ele é coordenador do PSF - Posto de Saúde da Família, só que ele não explicou para a comunidade o que é um Posto de Saúde da Família. A comunidade já fez duas assembléias, ele esteve lá, a comunidade saiu e não sabe o que é um posto de saúde da família. Eu dei uma investigada onde existe esse Posto de Saúde da Família, inclusive estive num lugar onde existe esse Posto, onde está funcionando, onde as pessoas têm de ser visitadas em suas casas. A comunidade falou para mim, na Vicente Marques, que as pessoas nunca haviam sido visitadas e o Posto de Saúde há três dias estava fechado.

Agora eu digo para os Srs. Vereadores que nesse Posto de Saúde nós temos um clínico geral, uma pediatra e uma ginecologista, temos uma enfermeira padrão e quatro atendentes. Está funcionando muito bem, a comunidade está presente e não concorda que seja transferido ou transformado em PSF. Isso foi uma conquista já no Orçamento Participativo da região Centro-Sul.

Então, estamos hoje aqui pedindo aos Vereadores para olharem com carinho isso que foi solicitado pela Secretaria da Saúde. Estou à disposição, como representante das comunidades, junto à Comissão de Saúde dos Vereadores. Se, algum dia, o Secretário da Saúde quiser falar comigo, estou às ordens, pois tenho certeza de que muita coisa ele não está sabendo.

A partir de hoje, é expressamente proibido falar em PSF - Posto de Saúde Família, lá no Jardim das Palmeiras. Há mais uma coisa muito importante: nós pedimos um aumento no Posto de Saúde, lá no Jardim das Palmeiras, pois já tínhamos um Posto de Saúde em outras comunidades, que foi batalhado e conseguimos. É Parque Madepinho, Jardim das Palmeiras e Grutinha. Agora o PSF diz o seguinte: que o Parque Madepinho e o Grutinha, que é o Bairro Jardim Amapá, têm de cair fora, só vão atender ao Jardim das Palmeiras.

Quando fizemos o pedido, no Orçamento Participativo, foi pedido em nome do Parque Madepinho, Jardim das Palmeiras e Grutinha. Não queremos que fiquem fora as pessoas que são atendidas ali. Há mais de seis mil pessoas cadastradas lá. Fica difícil uma senhora se deslocar, à meia-noite, para um hospital para marcar consulta, se isso existe ali, ao lado de sua casa.

Peço ajuda e apoio dos Vereadores e de toda a comunidade presente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradeço aos Srs. Paulo Bueno e Gentil da Luz, da Associação de Moradores Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni, pela utilização da Tribuna Popular. Convido aos dois para que façam parte da Mesa, no momento das devidas colocações partidárias.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Boa tarde, Sr. Presidente. Acho que está havendo alguma contradição. O Sr. Gentil da Luz e o Sr. Paulo Bueno falaram que existia um Posto de Saúde, que se concretizou por meio do Orçamento Participativo. É isso? Funciona perfeitamente bem. É isso? E, agora, querem tirar o Posto de Saúde, que foi conquistado por meio do Orçamento Participativo, e entrar o PSF, que seria de âmbito federal? Eu não posso falar nada, quem tem que falar é o Ver. Estilac Xavier, que, com certeza, vai dar essa explicação. Porque se o Orçamento Participativo deu esta vitória a esse grupo de moradores com um posto de saúde, com o qual vocês estão plenamente satisfeitos, no que está funcionando bem não se mexe! Há que se mexer exatamente naquilo que não funciona! (Palmas.) E se esse Posto de Saúde funciona plenamente, é uma vitória do Orçamento Participativo, que é do Partido que está no Governo, eu não acredito que o Ver. Estilac Xavier e os demais Vereadores do Partido dos Trabalhadores vão permitir que isso aconteça.

De parte do PHS, nós queremos dizer que naquilo que está bem não se mexe. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Almerindo Filho está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALMERINDO FILHO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, comunidade aqui presente, Comunidade CAJJA’S, dirigida pelo Presidente Gentil da Luz, Associação de Moradores da Cavalhada, Jardim das Palmeiras, Amapá, João Vedana e João Salomoni. Comunidade organizada que vem hoje à Câmara de Vereadores trazer um problema sério que atinge diretamente a saúde da população. O Posto de Saúde local atende cerca de seis mil pessoas, nas mais diversas especialidades médicas. Tornar esse Posto em PSF - Posto de Saúde Familiar - traz prejuízos imediatos à população, visto que não terão todas as especialidades médicas atendidas. O presente Posto de Saúde foi votado no Orçamento Participativo, vou repetir, Orçamento Participativo, logo, é uma escolha da população do bairro, escolha democrática plenamente apoiada pelo Executivo. Foi votado e eleito por trinta associações que representam cerca de duzentas mil pessoas. A comunidade aqui presente pede a manutenção do posto atual. E o PSL - Partido Social Liberal - é favorável à sua manutenção, porque em time que está ganhando não se mexe. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Sr. Gentil da Luz, da Associação dos Moradores da Cavalhada, Jardim da Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni; comunidade aqui presente; meus colegas líderes e outros Vereadores e Vereadoras desta Casa. Primeiro dizer, Sr. Gentil, que é uma pessoa que eu conheço há muito tempo no movimento comunitário, quando ele era então Presidente da MAJAGRU; segundo, saudar a presença da comunidade e tranqüilizá-los, porque estive conversando com o Dr. Ronald Wolff, que me garantiu que é a preocupação que V. S. ª aqui expressa e o nosso amigo aqui também presente, sobre a não transformação da unidade de saúde em posto de saúde de família, pela redução que significaria isso, está plenamente garantido pelo governo, pelo Conselho do Orçamento Participativo e pela CLIS. Portanto, suas preocupações a despeito de poder haver controvérsia na comunidade de como isso foi feito e quem é que está na autoria dessa situação, que é de entendimento comum para todas as partes, o governo está informando aqui que a unidade de saúde está garantida, porque essa é a decisão do governo, respeitando, não só as assembléias das comunidades que ocorreram a respeito disso, como também a decisão da CLIS e a gora há pouco garantido a mim pelo Dr. Ronald que é da equipe de gerência do distrito de saúde. Eu saúdo a presença dos senhores e tranqüilizo os demais líderes sobre essa questão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, meus caros: Gentil Luz e Paulo Bueno. MAJAGRU é o nome que me diz muito ao coração, traz-me me muito afetividade, muito emoção. Lá eu recebi um título de Líder Comunitário; lá eu consegui fazer uma série de coisas ao longo do tempo, tentando melhor as condições de vida daquela gente, que é realmente organizada, que trabalha e que procura soluções e não cria problemas. Na verdade, a Prefeitura deve ampliar as instalações que há lá hoje, não modificar. E não faltam recursos para a Prefeitura.

Eu tenho uma pergunta, que quero que o Prefeito me responda, o que é o mais importante? A vida humana ou o dinheiro? Já que a Prefeitura coloca muito dinheiro no sistema financeiro e no fim do ano, dia 31 de dezembro havia muito dinheiro no sistema financeiro e os problemas de falta de remédio, de falta de assistência à população estão aí. Portanto, cumprimentos da minha Bancada aos senhores e o nosso apoio e até onde pudermos chegar, nós chegaremos. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Luiz Braz está com a palavra nos termos do artigo 206 do Regimento.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, quero cumprimentar o Sr. Paulo e o Sr. Gentil da Luz, que vieram expor essas idéias, aqui, em nome da comunidade. Esse setor da saúde do Município de Porto Alegre anda muito ruim, são tantas as críticas. Na semana passada recebemos aqui o Presidente do Sindicato Médico, Dr. Paulo Argolo, que veio falar da falta de medicamentos em todos os postos, dos problemas por que passam as pessoas que precisam procurar os postos para qualquer medicamento ou atendimento, já que realmente o conjunto da população se ressente muito do mal trabalho que o administrador municipal faz em relação à saúde. Se vocês, comunidade, lá no Jardim das Palmeiras conseguiram, mercê desse trabalho comunitário, fazer com que lá o atendimento seja diferenciado com relação às outras comunidades, realmente vocês estão de parabéns pela luta que empreendem para não cair no valo comum, para que não sejam tratados da mesma forma como são tratadas as outras comunidades em Porto Alegre que não recebem atendimento algum no campo da saúde. Se vocês têm um espaço maior, se têm mais médicos, se estão conseguindo os remédios necessários para poder atender à carência da população, realmente a luta tem de continuar. Mas temos que fazer essa luta conjunta para que essa qualificação de atendimento no campo da saúde possa se estender para todas as comunidades, porque realmente as pessoas estão sofrendo muito. Um exemplo que nos foi trazido aqui na semana passada é que, por exemplo, os doentes com problemas psiquiátricos normalmente, por falta de medicamentos comuns nos postos de saúde, entram novamente em surto e voltam para os hospitais. Não podemos permitir que essa situação continue se agravando no Município de Porto Alegre.

Cumprimento os senhores e esta comunidade que vem até aqui para preservar as condições do atendimento no campo da saúde lá no Jardim das Palmeiras. Meus cumprimentos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Paulo Brum está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, a saudação em nome do meu partido PSDB ao Sr. Gentil e ao Sr. Paulo, que representam a Associação dos Moradores da Cavalhada – Jardim da Palmeira, João Vedana, Amapá e João Salomoni. Sou um Vereador e resido no Bairro Teresópolis, portanto, somos vizinhos. Parabenizo a luta de vocês no sentido de garantir a plena cidadania das pessoas que envolvem essas comunidades, saudando também as pessoas da comunidade que se fazem aqui presentes. Na verdade, essa questão que vocês trazem é de extrema importância, e eu quero apenas sublinhar que o Programa de Saúde da Família é um programa instituído pelo Governo Federal pelo então ex-Ministro José Serra, e que vem complementar as ações já desenvolvidas no Município de Porto Alegre. Querer substituir unidade de saúde por posto de saúde, eu penso que, na verdade, não vem ao encontro daquilo que é a disposição do programa de saúde. Na manifestação do Ver. Estilac Xavier, eu acredito que ele colocou os pingos nos “is.” Na verdade, o Poder Executivo, agora, está fazendo aquilo que realmente tem de fazer, que é utilizar o programa de saúde instituído pelo Governo Federal na complementação das unidades de saúde. Aí, sim, teremos um melhor atendimento para a nossa população mais carente. Saúdo a presença dos senhores; continuem nessa luta que, sem sombra de dúvida, quem sairá ganhando é a nossa população mais carente. Parabéns a vocês. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente José Fortunati, colegas Vereadoras, colegas Vereadores e, muito especialmente, Paulo Bueno e Sr. Gentil da Luz, que neste ato, aqui na Tribuna Popular, representam esta extraordinária comunidade, com a qual convivemos e, juntos, estivemos em toda essa construção, não só do posto de saúde, mas como do resgate do Jardim das Palmeiras e toda a nossa comunidade da Grande Cavalhada. Somos daqueles que acham que as conquistas se fazem através da mobilização popular. O que os senhores estão fazendo é um ato de cidadania e afirmação, e, por mais que o Governo, aqui, através do seu Líder, tente-se explicar, essa mobilização tem de ser permanente, porque, na verdade, o que temos assistido no campo da saúde em Porto Alegre é um discurso em uma direção e uma prática em uma outra direção, qual seja, o discurso é da inclusão e do resgate das pessoas e de uma saúde de qualidade; na prática, o que temos visto são pessoas, infelizmente, que não conseguiram, nem às vezes, consulta, muito menos remédio, muito menos a consulta qualificada, que é a do médico especializado. Aliás, a saúde no País tem um nome: “saúde ao, ao”, porque o cidadão vai ao médico, passa ao médico tal, ao médico tal, e o cidadão fica ao relento.

Portanto, nós queremo-nos somar nesta luta, dizer que ela é justa, é correta e que a mobilização deve permanecer. A Câmara dos Vereadores, estuário do desejo, da vontade, da luta popular democrática, é e será parceira em toda essa luta. Mais uma vez queremos dizer que essa mobilização se faz muito necessária, o que os senhores estão pedindo é uma coisa muito simples, o posto está dando certo, foi decidido no Orçamento Participativo, para haver mudança só com consulta popular, porque uma conquista popular não pode ser mudada se a comunidade não for consultada, senão fica uma contradição, aliás contradição que tem-se espelhado muitas vezes na Cidade, onde o cidadão leva tempo para conquistar alguma coisa através do Orçamento. Mas de uma hora para outra, da noite para o dia, o Governo, sem consulta tira aquele benefício. Portanto, a nossa saudação, o nosso abraço, a nossa luta permanente a favor dessa boa causa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Ervino Besson está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, Sr. Gentil da Luz, Sr. Paulo Bueno, representando a Associação dos Moradores de Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni. Queria saudá-los e estendo essa saudação muito especial e muito carinhosa às pessoas presentes aqui da comunidade. Como foi dito, a comunidade é quem vai decidir se está bom não se mexe, a comunidade é quem vai decidir. É isso que esta Casa espera que aconteça, a Central de Marcação de Consultas estava ruim antes, mudaram para uma Central para melhorar, e piorou. Onde houver uma mudança para melhor, vamos concordar, agora mudar para pior, não podemos aceitar.

 

Saúdo a vocês, saúdo a comunidade aqui presente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, queríamos saudar a presença do Sr. Gentil da Luz e os demais representantes da Associação dos Moradores de Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá, João Salomoni, a todos da comunidade que se encontram nesta Casa trazendo à Câmara Municipal de Porto Alegre mais uma problemática enfrentada na área da saúde no nosso Município. Conheço muito a história deste Posto de Saúde, sei, portanto, da justiça das suas reivindicações. Estive na inauguração do primeiro módulo do posto, quando ele era apenas uma pequena sala, onde tínhamos um médico e uma enfermeira, a realidade da comunidade, o crescimento da população daquela região e os problemas de saúde enfrentados pelas famílias dos bairros aqui citados pressionaram o Poder Público para que houvesse naquele posto de saúde uma equipe da área da saúde capaz de atender minimamente a população. Esse é um mérito da população dessa região. A conquista daquele posto é um mérito da comunidade, dos presidentes e das entidades da comunidade.

Depois, sistematicamente, cumprindo esse protocolo, sempre se incorporaram, naquelas reuniões do Orçamento Participativo aquelas demandas, porém a criação do posto vem de uma demanda do povo, das vilas e dos bairros daquela região.

Hoje, ainda é insuficiente o número de profissionais de saúde para atender à demanda daquele posto. Portanto, é inadmissível, é inconcebível e inexplicável que haja uma tentativa de reduzir os serviços que lá acontecem. Se, além dos profissionais que estiverem lá, ainda quiserem instalar, suplementarmente, equipes de médicos de família, profissionais da área de saúde para fazer o atendimento primário, evidentemente isso enriqueceria, mas a redução de uma equipe de saúde realmente vai piorar ainda mais as condições de atendimento da população de baixa renda de Porto Alegre, que hoje já é sofrível na Capital do Rio Grande. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Em primeiro lugar, a nossa saudação ao Sr. João Salomoni e ao Sr. Gentil da Luz - velho companheiro de lutas da UAMPA (União das Associações de Moradores), e de tantas batalhas, não só da sua Associação, mas do Movimento Comunitário de Porto Alegre - em nome de quem saúdo a comunidade que aqui se faz presente, de forma combativa.

Estamos tomando conhecimento desse problema no dia de hoje; por isso mesmo a importância da vinda de vocês. Lembro que o PSF é a aplicação no Brasil da experiência exitosa, na área da saúde, de Cuba socialista, onde temos a melhor saúde do mundo e onde a experiência dos médicos de família, do atendimento preventivo das comunidades surgiu e hoje é exportada para o Brasil.

É evidente que enquanto não tivermos na nossa Cidade o atendimento universal pelos PSFs - como já temos em Cuba - problemas persistirão, e é necessário combinar os PSFs com os postos de saúde para poder minorar esses problemas.

A Bancada do PC do B será parceira, junto com a comunidade, para tentar solucionar esses problemas e avançarmos na melhoria dessa questão.

Saudamos a vinda da comunidade aqui, porque é lutando e se mobilizando que nós vamos conquistar os direitos do nosso povo tão sofrido, tão explorado e tão oprimido nestes tempos de neoliberalismo. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Sr. Presidente, representante da Associação dos Moradores, quero dizer da nossa satisfação em recebê-los aqui e dizer que eu tenho uma tendência muito grande a apoiar as entidades de bairro. Acho que são as associações de bairro, que convivem no bairro, que sabem as peculiaridades do bairro, que sabem os problemas e que sabem como solucioná-los. Portanto, eu quero me solidarizar com a vontade de vocês, com a luta de vocês, para que nós possamos aqui nesta Casa dar a nossa contribuição. Portanto, queira receber deste Vereador do Partido Trabalhista Brasileiro o nosso apoio, porque entendemos que há um momento que nós devemos valorizar as associações de bairro, porque, sem dúvida, lá está o problema, lá tem que ser solucionado e nada melhor do que a Associação de vocês para saber, como eu disse, a peculiaridade, os problemas do bairro. Recebam a nossa solidariedade toda, completa, porque vocês acompanham o dia-a-dia do bairro. Um abraço e obrigado pela presença aqui. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos agradecer a presença do Sr. Paulo Bueno e do Sr. Gentil da Luz, Presidente da Associação de Moradores Cavalhada, Jardim das Palmeiras, João Vedana, Amapá e João Salomoni, que nesta tarde trataram conosco do Posto de Saúde Família.

Estão suspensos os trabalhos para as devidas despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h48min.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati – às 14h49min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Ex.mo Ver. José Fortunati, queria solicitar uma inversão da ordem dos trabalhos para que iniciemos no dia de hoje pelo Grande Expediente, que está dedicado pelo voto unânime desta Casa, a homenagear os 80 anos do Partido Comunista do Brasil.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion apresenta Requerimento para que façamos uma inversão da ordem dos trabalhos da Sessão, propondo que o próximo ponto seja o Grande Expediente.

Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Raul Carrion. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com as abstenções dos Vereadores João Antonio Dib e Haroldo de Souza.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, encontra-se em 1ª Sessão de Pauta a lei que regulamenta o Departamento Municipal de Previdência do Município. Eu fiz uma busca junto aos setores da Casa e a lei que deu origem a essa remessa diz que tem de vir o quadro de pessoal junto. E a lei não traz o quadro de pessoal. Então, eu solicito a V. Ex.ª que peça à Diretoria Legislativa para fazer uma busca para saber se veio junto com essa lei, porque senão não temos como analisar, porque a lei que deu origem diz que tem de vir o quadro de funcionários do Departamento, o que não acompanha o Projeto de Lei.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Sebastião Melo, vou solicitar à Diretoria Legislativa que faça a devida análise e depois informaremos ao Plenário.

Neste momento damos início ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Convido para fazer parte da Mesa a Ex.ma Deputada Jussara Cony, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Dr. Adalberto Frasson, Presidente Estadual do PC do B e o Sr. Walter Sorrentino, representante do Comitê Central do PC do B.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra, como proponente.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Há 80 anos, no dia 25 de março de 1922 realizou-se em Niterói, no Rio de Janeiro, o Congresso de Fundação do Partido Comunista do Brasil, com a participação de nove delegados, representando setenta e três comunistas de todo o Brasil.

Seu surgimento não foi fruto do acaso ou da vontade de alguém. Decorreu do amadurecimento da classe operária brasileira - expresso nas grandes greves de 1917 e 1919 - que, sob a influência da Revolução Russa, procurou organizar o seu próprio partido político.

Três meses após a sua fundação, o Partido foi posto na ilegalidade, iniciando uma longa trajetória de perseguições e repressões. Vivíamos um momento histórico de rupturas - a Semana de Arte Moderna, as lutas tenentistas, o Levante do Forte de Copacabana, a Coluna Prestes.

Em 1927, com o fim do Estado de Sítio, o Partido tem um breve período de sete meses de legalidade. Lança o diário A Nação, cria o Bloco Operário para as eleições e elege Azevedo Lima como Deputado Federal do Rio de Janeiro. Em 1928, já na ilegalidade, elege, através do Bloco Operário e Camponês, dois dos doze Vereadores do Rio de Janeiro - o operário marmorista e negro Minervino de Oliveira e o escritor Octávio Brandão.

Em 1930, lança como candidato à Presidência da República, um operário, o negro Minervino de Oliveira.

Por incompreensão política, o Partido fica à margem da Revolução de 30, vista unicamente como uma luta entre setores das classes dominantes. A classe operária brasileira e o seu Partido ainda eram débeis e pouco experientes para poderem jogar um maior papel.

O fascismo e o nazismo avançavam em todo o mundo. No Brasil crescia o integralismo. Para enfrentá-los, comunistas, nacionalistas e democratas criaram a Aliança Nacional Libertadora, em defesa da democracia ameaçada, da reforma agrária e da independência nacional. Em poucos meses, a ANL alcança mais de quatrocentos mil filiados. Em julho de 35, o governo - simpático ao nazi-fascismo - coloca a ANL na ilegalidade, invade suas sedes, prende seus militantes. A resposta é a insurreição de novembro de 35, em Natal, Recife e Rio de Janeiro. Restrita fundamentalmente aos quartéis, foi sufocada a ferro e fogo e seguida de violenta repressão aos comunistas e aliancistas.

Em 1940, a direção do Partido Comunista caiu nas mãos da polícia do Estado Novo, comandada por Filinto Müller, que afirma: “o Partido Comunista acabou!” Mas, já em 1941, é reconstituída uma direção nacional provisória e em 1943, na Conferência da Mantiqueira, é eleito um novo Comitê Central. O Partido faz ampla campanha pelo apoio do Brasil à luta antifascista e pelo envio de tropas brasileiras aos campos de batalha da Europa.

O fim da guerra propiciou a redemocratização do País. Em 1945 é conquistada a anistia e a legalidade do Partido Comunista do Brasil. Em apenas dois meses de campanha, o Partido alcança 10% dos votos e elege quatorze Deputados constituintes e o Senador mais votado do Brasil. Suas fileiras atingem duzentos mil filiados, edita oito jornais diários, dezenas de revistas e semanários. Tem forte atuação no movimento sindical, organiza ligas camponesas e mobiliza grandes atos públicos. Preocupadas com esse crescimento, as elites reacionárias declaram, em 47, a ilegalidade do Partido. Em 1948, seus parlamentares são cassados. O governo reprime violentamente os comunistas. O Partido luta pela devolução das bases aéreas norte-americanas no Nordeste, participa ativamente da Campanha “O Petróleo é nosso” contra o envio de tropas à Coréia, pela Paz Mundial, pela reforma agrária, pelos direitos dos trabalhadores.

Em agosto de 1961, o Governador Leonel Brizola lidera a legalidade do Rio Grande do Sul para garantir a posse de João Goulart. Os comunistas participam ativamente do movimento. No Mataborrão, na Av. Borges de Medeiros, localiza-se o comando da resistência popular, onde João Amazonas, Elóy Martins, Abílio Fernandes e outras lideranças comunistas jogam um papel decisivo.

Em 1963, em sua Resposta a Kruschov, o PC do B, que havia sido reorganizado em 62, quando foi mudado o nome do Partido, mudado o Estatuto, mudada a linha política e um grupo de comunistas não aceitou, reorganizando na 6.ª Conferência o PC do B.

Neste ano em sua resposta a Kruschov, o PC do B denuncia os descaminhos do socialismo na União Soviética, em outros países do Leste Europeu. Descaminhos que tornam-se cada vez mais profundos, até chegar os dias de hoje, quando o socialismo foi totalmente abandonado nesses países.

Em 12 de abril de 1972, depois de quase seis anos de preparação, surgem, no Sul do Pará, as Forças Guerrilheiras do Araguaia – dirigidas e organizadas pelo PC do B – que resistem durante quatro anos ao ataque de mais de vinte mil homens das Forças Armadas. Ali, dão a vida em torno de setenta comunistas, entre os quais os gaúchos João Carlos Haas, Huberto Bronca, Paulo Mendes Rodrigues e Cilon da Cunha Brum.

Em 1976, com a “queda da Lapa”, a repressão cobra mais um pesado tributo em sangues ao PC do B. São presos diversos membros e assassinados Pedro Pomar, Ângelo Arroyo e João Batista Drumond.

Em 1975, o PC do B divulga o seu Manifesto aos Brasileiros, onde levanta as três bandeiras da Anistia Ampla, Geral e Irrestrita; Revogação dos Atos e Leis de Exceção; Assembléia Nacional Constituinte Livre e Soberana.

Solicito ao meu Presidente os 5 minutos de Comunicação de Líder do PC do B, para poder concluir esta manifestação.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Em 1979, o País conquista a Anistia. Em 1984, as “Diretas Já” levam milhões às ruas. Em 1985 o povo conquista a revogação dos atos e leis de exceção e a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. O PC do B tem uma participação destacada em todas essas lutas.

De lá para cá, o PC do B sempre esteve na primeira linha da luta em defesa das liberdade democráticas, da soberania nacional, da reforma agrária, dos direitos dos trabalhadores e do Socialismo! Destacou-se pelo esforço permanente em busca da unidade das forças democráticas e populares. Em 1989, foi a força decisiva na articulação da Frente Brasil Popular que lançou a candidatura de Lula à presidência da República.

Eleito Collor, denunciou o seu caráter neoliberal levando às ruas o “Fora Collor”. Denunciou com firmeza a revisão da Constituição. Nas eleições de 94, em que pese toda a maré anticomunista, dobrou sua Bancada Federal – hoje com dez Deputados Federais. Combate com decisão a política neoliberal de Fernando Henrique que conduz o País para a mais profunda crise de sua história.

No contexto da grande vitória das oposições nas últimas eleições, o PC do B aumentou em 60% o número de Vereadores em todo o País, conquistou a Prefeitura de Olinda, elegeu os Vice-Prefeitos de Recife e Aracaju; quase elegeu o Prefeito de Fortaleza; participa do governo de inúmeras cidades do País, inclusive de Porto Alegre e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul, dobrou a sua Bancada de Vereadores.

Num momento em que tantos afirmam que ”a história acabou” e que “o socialismo morreu”, em que tantos renegam seus antigos ideais de luta, o PC do B aprovou o seu Programa Socialista para o Brasil. Onde, além de reafirmar suas convicções socialistas, propõe uma visão inovadora, acorde com a realidade brasileira e compromissada com a mais ampla democracia socialista.

Nos debates do 10.° Congresso, recentemente realizado, onde participaram mais de trinta e quatro mil militantes, representando cerca de duzentos mil filiados, os comunistas aprovaram importantes indicações, no sentido de darmos um novo rumo ao Brasil derrotando esse modelo entreguista e excludente, neoliberal, que infelicita a Nação. Para isso propõe uma ampla frente que unifique todas as oposições ao neoliberalismo; propõe a construção de uma amplo movimento de massas, que una a maioria dos brasileiros em torno de um programa de ruptura com o neoliberalismo.

Parafraseando o poeta Ferreira Gullar, pode-se discordar do Partido Comunista do Brasil, mas falar da história do nosso povo e de seus heróis, sem mencioná-lo, é faltar com a verdade. Em seus 80 anos de vida – com seus erros e seus acertos, com suas derrotas e suas vitórias – os comunistas nunca traíram os seus ideais, muitas vezes ao custo da própria vida.

Por isso, os 80 anos do Partido Comunista do Brasil são motivo de alegria para todos os democratas e patriotas e lutadores das causas sociais, que sempre tiveram e terão do PC do B um aliado sincero e leal na luta por um Brasil soberano, democrático e mais justo.

No dia de hoje, estamos também entregando o Título de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João Amazonas, dirigente histórico do PC do B e atual Presidente de honra do Partido Comunista do Brasil, que completou, no último dia 1.º de janeiro, 90 anos, e que somente por razões médicas não se encontra presente aqui no dia de hoje; mas, está representado pelo bravo camarada Walter Sorrentino, membro do Secretariado e da Comissão Política do Comitê Central do PC do B que receberá, na tarde de hoje, em nome de João Amazonas, este Título Honorífico. Porto Alegre ao fazer essa concessão a esse grande lutador também se sente honrada em tê-lo como mais um filho desta Cidade. Esse lutador honorífico, que é João Amazonas, trabalhou desde os 13 anos de vida, inicialmente como metalúrgico em uma cutelaria em Belém do Pará; viveu inúmeras prisões, esteve presente na luta do Araguaia, na redemocratização do País e em todas as lutas do povo brasileiro pela democracia, pela soberania nacional e pelos direitos do povo e dos trabalhadores; por tudo isso, hoje ele está sendo homenageado.

Em nome do PC do B, um grande abraço e um agradecimento a esta Casa que, com tanta generosidade, aprovou esta homenagem ao PC do B e a João Amazonas. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convido o Sr. Daniel Sebastiani, Presidente Estadual do PC do B para fazer parte da Mesa.

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Tenho a honra de cumprimentar a todos os integrantes do Partido Comunista do Brasil nesta Sessão Solene do transcurso do 80º aniversário do Partido Comunista do Brasil, requerido pelo Ver. Raul Carrion e subscrito por nossa Bancada naquela oportunidade.

Ainda há pouco, quando, nos bastidores, cumprimentava a nossa amiga Deputada Jussara Cony, pessoa que conheço há muito tempo - e, ao contar este fato aqui, quero expressar a singularidade da admiração que nós temos pelo seu Partido -, lembrava de uma foto que eu tenho - revivia meus arquivos de militante - e nessa foto encontrei, quedado ao chão pela polícia militar da época, o então Deputado José Fortunati - era a greve geral de 1991 -, fato ocorrido na frente do Palácio dos Leões, na Praça Montevidéu; para quem não sabe é onde se localiza a Prefeitura de Porto Alegre. Quem o socorria, de forma denodada, corajosa e valente - uma guerreira -, era a Deputada Jussara Cony, que com seu corpo escudava e defendia o valente Deputado Estadual José Fortunati. Essas fotos estão no meu arquivo. Vou reproduzi-las e entregar à Deputada e ao próprio Fortunati, que talvez queira essa longa passagem da sua vida que está nos meus arquivos.

Eu estou contando esta singularidade, porque o Partido Comunista do Brasil se entranhou na minha vida sem eu saber. Eu era, ainda à época, militante estudantil em Santa Maria e vendia, sem ter muito conhecimento de causa, estava-me introduzindo na militância universitária, e era um divulgador da Tribuna Operária.

A luta socialista, a luta da esquerda, é uma luta que tem ramificações - e saúdo o Coronel Alvarez, presente neste ato, um abraço amigo da nossa parte, da nossa Bancada -, e esta luta por justiça e igualdade criou organizações, uma delas, a mais longeva, sem dúvida nenhuma, é a do PC do B. Tenham-se as contrariedades que se tiverem com esse Partido, mas uma coisa não se pode tirar: o seu caráter de luta nacional, o seu caráter de libertação, de soberania e de melhoria das condições de vida do nosso povo, de independência. Foi um aguerrido lutador - o PC do B - quando todos os tempos escuros se abateram sobre a Nação. Assim foi na época do Estado Novo, assim foi na época do regime militar.

Compartilho, hoje - companheiro Raul Carrion -, da Bancada ao lado de Valter Pomar, neto de Pedro Pomar, chacinado de forma covarde na Lapa, naqueles escuros tempo da chacina que foi feita pelo regime militar.

As nossas histórias estão entrelaçadas, estão cruzadas. O fato de o PC do B ser o Partido mais antigo de esquerda do País, e as várias ramificações que tem a luta operária dos trabalhadores, fez com que chegássemos até hoje irmanados na idéia de que o nosso povo precisa de liberdade, de justiça social e de igualdade. Este sonho está expresso na homenagem de 80 anos de vida do PC do B; está expresso na medalha que vamos entregar ao seu líder maior, reconhecido pelo povo operário e trabalhador brasileiro, que é João Amazonas; e está expresso no carinho com que nós aqui apresentamos o nosso abraço aos seus dirigentes máximos aqui representados e aos companheiros, militantes e simpatizantes que vieram a esta Sessão Solene.

Como o meu tempo está esgotado quero registrar isso em nome da minha Bancada, dos Vereadores que estão aqui presentes: Ver.ª Berna Menezes, Ver.ª Maristela Maffei, Ver.ª Sofia Cavedon, Ver. Adeli Sell, Ver. Odacir Oliboni e Ver. Marcelo Danéris, dizendo que desejamos vida longa ao PC do B na sua luta pela liberdade, pela justiça social e pela soberania nacional. Sei que estaremos juntos, irmanados por esse ideal, sempre que forem esses os nossos programas. Um grande abraço a todos vocês, e nossa homenagem ao camarada João Amazonas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, a nossa saudação muito afetiva e calorosa a toda a Direção do PC do B, especialmente à Deputada Jussara Cony, de tantas lutas em comum.

Eu que estava escalado no dia de hoje com vários outros assuntos, Ver. Raul Carrion, mas na medida em que esta Casa, de forma justa, faz a homenagem ao Partido Comunista do Brasil, eu me sinto no dever de vir a esta tribuna, porque a história do Brasil e a história da humanidade não podem ser contadas sem a participação dos comunistas. Eu digo isso, Jussara, porque nós temos vidas em comum, ainda do ponto de vista político, da luta pela democracia no velho MDB de guerra, onde todos nós estivemos juntos até um determinado momento. Por que estivemos juntos? Porque nós combatíamos, e ainda combatemos, esse status quo vigente, porque a busca do Estado Democrático de Direito não se resolve apenas com o formalismo democrático; ele avança, evidentemente, na busca do resgate da cidadania, da dignidade, da distribuição de renda e da justiça social.

O PC do B na sua história tem tudo a ver com essa luta, que é uma luta nobre de muitos setores da sociedade, que é a luta do resgate da cidadania. Portanto, esta Casa, que de forma unânime aprovou o Requerimento do Ver. Raul Carrion, que tem sido um Vereador combativo nesta Casa, com quem temos divergências políticas muitas vezes, o que é extremamente salutar e importante para qualificar o debate, mas reconhecemos, seja na figura de V. Ex.ª ou seja nos quadros do PC do B, e fundamentalmente nas suas teses, é aquilo que nos levou para a política, ou seja, a luta em fazer com que o Estado efetivamente seja, no sentido lato sensu, a favor do povo, que distribua renda e que possa fazer pessoas serem incluídas na linha da dignidade.

Os momentos mais difíceis da história deste País, de escuridão, do taco da ditadura, mas antes disso vem o ditadura de Vargas, depois a ditadura militar e o PC do B, muitas vezes, na clandestinidade, sempre firme nos seus propósitos. Quantos militantes do PC do B e de outras forças esquerdas, Jussara, foram banidos, expurgados, mortos para que nós vivêssemos hoje essa liberdade que vivemos, do ponto de vista formal?

Quando esta Casa, Sr. Presidente, homenageia o PC do B, evidentemente, ela faz uma justa homenagem, porque Porto Alegre tem tudo a ver com essa história. Porto Alegre, o seu povo, a sua luta, a sua rebeldia, tem tudo a ver com a história de um Partido que sempre se comprometeu com a luta democrática e com a luta dos povos.

Portanto, nós, da Bancada do PMDB, queremos, aqui, sublinhar de forma maiúscula que, quando se faz essa homenagem, é importante situarmos mais do que uma simples homenagem, situarmos o momento que nós vivenciamos e para onde nós queremos ir. O que nós vivenciamos hoje, seja em nível de País ou em nível internacional, é uma verdadeira exclusão de milhões de pessoas que não têm água, comida, casa, educação, dignidade. Esse é o contexto social que nós vivenciamos. Evidentemente, há forças políticas que sustentam isso e, por isso, nós vivenciamos isso.

Nós temos uma outra visão, da qual o PC do B também tem essa visão e essa luta. Podemos até divergir de posições políticas, mas o nosso embate é contra o status quo que está aí e a luta do resgate de pessoas, porque o contexto que nós vivenciamos é muito duro.

No Brasil, são mais de trinta e dois milhões de pessoas que vivem quase na absoluta linha da miséria, seja no campo ou na cidade. São trabalhadores no campo informal, seja o pequeno agricultor, seja o pequeno empresário, o trabalhador que não tem recebido do Estado nenhum incentivo, pelo contrário, tem sido massacrado, ao passo que aqueles grandes conglomerados, os poderosos, os banqueiros, o grande capital internacional, especialmente no Governo da nossa República, têm sido um parceiro inseparável. Tudo isso, meu querido Ver. Raul Carrion, está dentro de um contexto que nós vivemos muito pontualmente neste ano, que é justamente o contexto de eleição, onde isso não deve apenas ser discutido, mas deve ser traduzido, amanhã ou depois, no Governo que, de forma legítima, venha ganhar as eleições. O que nós temos visto é muito discurso e pouca prática do discurso. Isso tem sido uma dura realidade dos governos nos mais diversos entes da Federação. Quando estão no palanque eleitoral, têm um discurso; quando estão no governo, têm uma prática diferente do discurso.

Então, esta homenagem na data de hoje serve um pouco de reflexão de todo o contexto que estamos vivenciando: o neoliberal, o excludente, a falta da saúde, da educação, da habitação e da dignidade humana; e o PC do B tem a ver com essa história, porque ele sempre teve lado, ele sempre defendeu os humildes, os pobres, sempre defendeu com muita clareza a distribuição de renda, a justiça social e, por isso, nós queremos, ao finalizar, cumprimentá-los.

Dizer que essa, Ver. Estilac Xavier, é uma justa homenagem da Casa. Ao PC do B, ao seu líder maior, João Amazonas, que, infelizmente, não está conosco, mas o espírito está presente e que representa e simboliza essa caminhada de tantos e tantos anos na nossa querida e extraordinária Pátria brasileira.

Portanto, um abraço muito fraterno, muito grande e que possamos juntos construir cidadania no debate, na boa divergência e, acima de tudo, no campo das idéias e que, sem dúvida alguma, este País é um País muito grande, é um País muito rico, mas que sua riqueza deve ser socializada para milhões de pessoas que ainda vivem na absoluta linha da miséria, e essa é uma caminhada que não é de um partido só, mas de todos aqueles que lutaram para resgatar a democracia neste País e que ainda não está completa, ela está no ponto de vista formal. Mas a democracia que não tem educação para todos, que não tem saúde, que não tem acesso à terra para aqueles que querem produzir, que não tem acesso ao crédito para aqueles que querem produzir, essa democracia ainda está cambaleando e está ainda muito engatinhando. Portanto, há muito que se fazer, há muito que se lutar. Parabéns, PC do B, vida longa e um abraço muito fraterno a todos os senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra em Grande Expediente, por cessão de tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente desta Casa, Ver. José Fortunati, (Saúda os componentes da Mesa e demais autoridades). Vejo, com muita satisfação, inúmeros companheiros da luta popular do PC do B, que aqui se fazem presentes nesta Casa. Na pessoa do Coronel Pedro Alvarez; eu homenageio todos os companheiros do PC do B, que se fazem presentes nesta homenagem, por ocasião dos 80 anos do PC do B.

Começo com a primeira reflexão: a importância da comemoração dos 80 anos do PC do B; da importância desse ato, Ver. Raul Carrion, para mostrar que a história do momento social, popular organizado não começou na década de 80, nem na de 70, nem tão-somente na década de 60, embora todos esses estágios cronológicos tenham tido uma importância muito grande.

Mas a história do movimento social, popular organizado tem suas raízes na década de 20 com a organização e com a criação do Partido Comunista do Brasil, sob a inspiração de algumas lideranças daquele momento, como a do escritor, fundador do Partido Comunista Brasileiro, hoje Partido Comunista do Brasil, Astrogildo Pereira, que é autor de um obra, na década de 60, sobre a história do Partido Comunista. Nada mais preciso e importante do que a afirmativa do poeta, que V. Ex.ª aqui fez, sobre a importância do Partido Comunista em todas essas décadas na luta pela democracia e pela liberdade. E a sua história por si só, do Partido Comunista, é testemunha de que a história organizada do movimento social e popular tem as suas raízes lá na década de 20. E razão assiste a V. Ex.ª, quando em uma de suas reflexões, fala do equívoco de não integrar a Revolução de 1930, é importante esse ato. Além da comemoração de uma das instituições mais importantes, é uma instituição, sim, política, da maior importância e que condicionou todo o pensamento do movimento político do século XX, inclusive com o seu antagônico: o integralismo e o nazi-fascismo. E isso é muito importante a ser acentuado, da reflexão sobre as raízes e a história de todo esse movimento social e político.

De outro lado, todos nós, companheiros que aqui se fazem presentes - hoje é um momento festivo, um momento importante - mas, todos nós que pertencemos ao campo popular, ao campo democrático, ao campo socialista, ao campo da esquerda, nós cometemos os nossos equívocos, os nossos erros na avaliação dos momentos políticos.

O meu Partido, pelo qual neste momento estou falando, tem uma relação muito fraterna com o PC do B, já cometeu os seus equívocos. Agora, tem de ter a humildade de vir à tribuna e reconhecer os seus equívocos, como os comunistas que, durante inúmeros momentos, tiveram a grandeza de ocupar os seus espaços, seja na clandestinidade, na ilegalidade ou à frente de seus mandatos e assumirem nas suas tribunas, assumirem nos comícios e reconhecerem os equívocos que cometeram. Porque a humildade nos proporciona a retomada de posições, de reflexões necessárias dos erros que cometemos. Nós, trabalhistas, temos uma profunda identificação com o PC do B, com os comunistas, na história da luta pela liberdade, pela democracia e pela luta por justiça social. Temos, na figura de João Amazonas, que hoje outorgamos o Título a ele, uma referência ética, política, da maior importância contemporânea para o nosso País, para a América Latina e para o mundo.

Eu tive a honra, Coronel Pedro Alvarez, de conhecê-lo aqui, jovem ainda, dirigente do movimento estudantil, em 1958, 1959, com 13, 14 anos, companheira Jussara Cony, quando ele atendia na secretaria da Tribuna Gaúcha, que era a frente legal do Partido Comunistas, mas que tinha o seu reconhecimento na figura de um dos mais extraordinários homens públicos deste País; que reconhecia os comunistas como um segmento importante do pensamento político social contemporâneo: João Goulart, que foi apeado do poder por um dos mais brutais golpes de Estado.

Para encerrar, Sr. Presidente, permita-nos fazer neste momento de alegria também, mas de reflexão e de tristeza, alegria pelos 80 anos e também pela outorga do Título de Cidadão de Porto Alegre a João Amazonas, de outro lado, evocar sempre a figura de dois patriotas, que morreram na guerrilha do Araguaia, gaúchos e um deles porto-alegrense: João Rhaas Sobrinho e Huberto Bronca, porto-alegrense e do Bom Fim. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convido o Sr. Raul Carrion a proceder à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Walter Sorrentino, neste ato representando o Sr. João Amazonas de Souza Pedroso. Lembro que este Título foi aprovado no ano passado, mas em função do estado de saúde do companheiro João Amazonas, que, infelizmente, não pôde estar conosco no ano que passou, não pode estar conosco nesta data, por isso fazemos a entrega neste momento.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

O Sr. Walter Sorrentino está com a palavra.

 

O SR. WALTER SORRENTINO: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. José Fortunati; Ex.ma representante da Assembléia Legislativa, Deputada Jussara Cony; Ex.mo Presidente Estadual do PC do B, Adalberto Frasson, na pessoa de quem cumprimento todos os militantes e amigos aqui presentes nesta plenária. Companheiro Daniel Sebastiani, Presidente do PCB, e meu caro e estimado Ver. Raul Carrion, proponente desta homenagem e na pessoa de quem quero cumprimentar todos e todas as Vereadoras desta Casa que possibilitaram esta homenagem.

Permitam-me ler uma mensagem enviada especialmente pelo nosso estimado camarada Presidente de Honra do PC do B, João Amazonas de Souza Pedroso, a esta Sessão Solene do Grande Expediente da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Lê.)

“Sr. Presidente, senhoras e senhores da Mesa Diretora desta Sessão. Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores da Câmara Municipal de Porto Alegre. Companheiras e companheiros presentes a este expediente. Agradeço, sensibilizado, as menções honrosas feitas aos 80 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil. Honra-me, sobretudo, senhoras e senhores, o Título de Cidadão Honorário Porto-Alegrense que me concede esta Câmara e que, por razões de saúde, não posso vir receber pessoalmente. Porto Alegre marca a vida nacional em sua lição de irredentismo libertário. Sua história é pródiga na luta republicana e federalista. As vitórias da esquerda na última década e a recente realização nesta Cidade do Fórum Social Mundial o atestam, mais uma vez, inscrevendo-a como pólo mundialmente reconhecido de avanço da gestão democrática. De outra parte, nesta Cidade passei momentos decisivos da vida nacional e de minha própria vida. Fui dirigente político do Partido Comunista do Brasil no Rio Grande do Sul, de agosto de 1957 até 31 de dezembro de 1961. Durante todo esse período morei com minha família em Porto Alegre, dedicando todo o esforço à construção partidária nos principais acontecimentos da vida política gaúcha. Destaco, em particular, a atividade durante a grande campanha pela Legalidade e seus Batalhões Patrióticos, cuja luta barrou o intento das forças golpistas da reação de implantar a ditadura militar. O Partido Comunista do Brasil participou ativamente dessas jornadas ao lado do Governo Estadual, então dirigido pelo Eng.º Leonel de Moura Brizola.

Senhoras e senhores, impossibilitado de estar presente a este ato generoso, gostaria de agradecer sinceramente a todos que o tornaram possível e à Mesa dirigente desta Casa. As homenagens que hoje recebo eu as destino, antes de tudo, ao Partido Comunista do Brasil, meu Partido, ao qual dediquei 67 anos de militância ininterrupta. Em nome dele, saúdo todos e os conclamo a seguir no combate por um Brasil livre e soberano. Porto alegre, 25 de março de 2002. João Amazonas de Souza Pedroso.” (Palmas.)

Em meu próprio nome, em nome do Comitê Central, quero saudar este Grande Expediente e agradecer pela generosidade das palavras aqui proferidas, dizendo que foi um grande comunista Antonio Gramsci que falou estas palavras de que “contar a história de um partido é como contar a própria história de um país, a partir de uma perspectiva monográfica.” Evidentemente, nesses 80 anos que se confundem com a história do Brasil, eu não me excederia em dar mais brilho às palavras aqui do nobre Ver. Raul Carrion, que já historiou os principais fatos dessa história. Permitam-me apenas complementar, dizendo que hoje os 80 anos do PC do B comemoram-se em meio a uma crescente exigência de afirmação nacional de busca de caminhos de desenvolvimento e de mais democracia. Para isso o Brasil necessita de novos rumos que só são possíveis com novo pacto político de novas forças sociais. Não há um partido aqui, como bem disse um Vereador, que, isoladamente, possa conduzir o País por esse caminho; impõe-se a união das forças de oposição em torno de um programa de alternativa ao neoliberalismo e em torno do qual possamos unir amplas forças sociais e políticas, e essa é a luta do PC do B na atualidade, é esse o chamamento que dirigimos à Nação brasileira.

Por isso, nos julgamos, sem falsa modéstia e sem errar na pretensão, indispensável a existência de um partido como o PC do B convivendo democraticamente com as demais forças políticas brasileiras, indispensável e imprescindível como tem sido, ao longo dessas oito décadas, como fator de luta e promoção da união do povo. Sempre que se ameaçou a existência do Partido, senhoras e senhores, ou que se visou restringir seu direito de convívio no seio da sociedade, quem pagou foi a democracia no País. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradecemos à Deputada Jussara Cony, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, ao Sr. Presidente Estadual do PC do B, Dr. Adalberto Frasson, ao senhor representante do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil, Sr. Walter Sorrentino, ao Presidente Estadual do Partido Comunista Brasileiro, Sr. Daniel Sebastiani, pela presença.

 

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h39min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 15h42min): Estão reabertos os trabalhos.

Apregoamos o Requerimento de retirada de tramitação do Proc. n.º 1030/02, PELO n.º 002/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel.

Damos continuidade ao período de Grande Expediente.

A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra no Grande Expediente.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Ver. Paulo Brum, Presidente em exercício, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. Em homenagem ao PC do B, que se confunde com a história da luta da esquerda brasileira, faço aqui uma intervenção que trata da nossa situação no País hoje.

Nós tivemos aqui no Brasil a visita do Comissário das Nações Unidas, que esteve durante dezoito dias avaliando a situação brasileira, o Sr. Jean Ziegler. Este comissário é o responsável pelo Programa Alimentos como Direito. E este programa afirma que os Governos são responsáveis, sim, pela eliminação da fome e que devem atender a esse direito básico, o direito da alimentação, antes de qualquer outra coisa, inclusive de pensar em exportação de alimentos. O Sr. Jean, da ONU, espantou-se com os níveis de miséria e de pobreza do Brasil. Tratou como incompatíveis, incompreensíveis diante da riqueza cultural, diante do clima, diante da ausência de catástrofes deste País, diante do seu potencial, material, humano e cultural. Os dados divergem dos do Governo, do Movimento Social, mas não baixam de trinta e dois milhões de brasileiros que passam fome - a Igreja, o Movimento Social afirmam que são mais de quarenta milhões de brasileiros. Um a cada quatro brasileiros passa fome neste País, e o Sr. Jean compara com Níger, um país do Centro-Oeste da África que detém os mais baixos índices de desenvolvimento humano, e ele diz que lá as pessoas morrem de fome, porque lá não tem nada, só tem pedras e areia, e afirma: “morrer de fome no Brasil não é uma fatalidade é genocídio”. Quem morre de fome no Brasil, morre assassinado, diante da capacidade deste País, da potencialidade deste País. Só que o nosso comissário da ONU, ao mesmo tempo elogia o Governo do Brasil, fala que é um Governo competente, fala que é um País que está num caminho certo, mas, ao apontar as causas da injustiça social, ele mesmo se desdiz, porque fala em falta de reforma agrária eficiente, fala em falta de renda e fala em falta de política social integrada. Os três principais causadores da desigualdade social, do genocídio social, da guerra social que nós vivemos: falta de reforma agrária, falta de renda e falta de política social integrada. Portanto, este Governo não é competente, porque ele não mata a fome do seu povo, não alimenta o seu povo. E mais: este Governo trata o Movimento dos Sem Terra, os movimentos que defendem a reforma agrária, que lutam pela reforma agrária como um caso de polícia, sim. E o Sr. Jean elogiou o MST, o trabalho da Pastoral da Terra, da Igreja Católica, Ver. João Carlos Nedel, disse dos trabalhos valorosos e que estão muito corretos diante dessa miséria e dessa fome, informado que 2% dos proprietários rurais do Brasil detêm 48% das terras férteis deste País. Dois por cento, Ver. João Carlos Nedel!  Isso, por si só, explica a fome e morte por fome neste País em larga escala.

 

O Sr. João Carlos Nedel: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver.ª Sofia Cavedon, a Igreja Católica apóia a reforma agrária, mas uma reforma agrária justa e sem agressão à lei; não permite invasão de propriedade produtiva e de propriedade particular. Isso que o MST está fazendo é um crime, e assim deve ser tratado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Crime, eu volto a repetir, Ver. João Carlos Nedel, é o assassinato em larga escala que se faz neste País em função da fome. E se nós formos olhar o relatório, diz que encontrou no Pará cemitérios dos anônimos, de milhares de crianças que não duram um, dois dias, que morrem com um ano, com seis meses, com três anos de doenças curáveis, de subnutrição absurda e inaceitável num país como este. Esta é a realidade brasileira, este é o resultado do modelo econômico que está neste País e que é impingido pelas grandes nações industrializadas. E contra isso se levanta o movimento social.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: E o MST é movimento social, Vereadora?

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: É. O MST é o movimento social mais significativo que tem neste País. Porque, Ver. Isaac Ainhorn, a situação de 2% dos proprietários de terras de deterem 48% das terras férteis é injusta. Quero que V. Ex.ª fale se isso é justo.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Vereadora, cumprimento V. Ex.ª pela sua coragem e honestidade intelectual, já que o Vice-Presidente nacional do seu Partido não assume o MST. V. Ex.ª aqui está assumindo o Movimento Sem Terra como o maior movimento. Eu divirjo frontalmente! Ontem, passei pela região missioneira e vi, infelizmente, o abandono que o Governo do Estado deixa os Sem Terra, os assentados, vivendo nas cidades de lona à margem das estradas. E, de outro lado, assisti ao triste episódio de Minas Gerais, que entristece a todo o País, onde uma residência particular foi invadida com total desrespeito. É esse o MST que V. Ex.ª sustenta! Eu reconheço, pelo menos, que V. Ex.ª é autêntica e honesta intelectualmente, assumindo o MST mesmo nos seus erros.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: O MST, Ver. Isaac Ainhorn, não é do Partido dos Trabalhadores e essa confusão é que se quer fazer. Novamente, estão nas capas dos jornais: “O PT é que comanda o MST”. O MST é um belíssimo movimento social deste País, que tem, sim, militantes do PT que participam dele, como independentes, como pessoas ligadas à Igreja Católica. E o MST está dizendo – com o sacrifício de famílias, de mulheres e crianças que ou nós mudamos esta política do País, fundamentalmente, esta política agrária concentradora, ou nós continuaremos assassinando o nosso povo. E neste Estado, corajosamente, fazemos sim, reforma agrária.

Acho que só deu seis minutos, Sr. Presidente. Eu concluo, mas não me pareceu que o tempo foi marcado certo, não.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Se V. Ex.ª estivesse atenta ao relógio que marca as manifestações, V. Ex.ª teria visto que foram dados cinco minutos e depois mais três minutos. É que V. Ex.ª deu muito aparte, por isso o seu tempo ficou exíguo. Para concluir, por favor, Vereadora.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: A primeira vez que eu olhei estavam dois minutos e trinta e cinco segundos no relógio.

Eu concluo, dizendo que o Governo do Estado, responsavelmente e coerente com o seu programa, seu compromisso, com a sua origem na luta dos trabalhadores, está fazendo sim, Ver. Isaac Ainhorn, reforma agrária. Está, sim, investindo na agricultura como nunca se investiu e nos pequenos agricultores, gerando emprego como nunca se gerou emprego neste Estado. É deste modo que nós vamos mudar a situação e acabar com o genocídio em massa que é sim o Governo Federal o responsável. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Vereadoras, amigos aqui presentes. Eu não sei falar por falar e não posso, ao ser contrário a um segmento político, participar de uma homenagem que fala de uma ideologia que é contrária aos meus princípios. Por isso, a minha ausência, no momento das homenagens feitas ao Partido Comunista do Brasil. Meu pai, meu falecido pai, nunca viu com bons olhos as ações comunistas, e aprendi com ele, e, depois, com o passar do tempo, lendo muito, procurei saber das atividades dos comunistas e cheguei a conclusão de que esse não é o caminho a ser seguido por mim. E por ser autêntico em tudo que faço na minha vida, ou procuro ser, declino de qualquer homenagem que possa ser feita a Partido Comunista, aqui e em qualquer lugar do mundo.

Quero usar o espaço de Liderança do Partido Humanista da Solidariedade, hoje, para falar do medo que estou acometido pelas ações do MST. Não estou e nem pretendo unir o MST ao Partido dos Trabalhadores. Não! Apesar de muitas atividades do MST ter guarida no Governo Municipal e Estadual de nossa Cidade e no Rio Grande do Sul, o episódio de total desrespeito na invasão da fazenda dos parentes do Presidente da República é um ato que não pode passar em brancas nuvens, sem uma análise, porque faltou-se com o respeito com a maior autoridade do País. Se o Governo Federal é bom ou não, isso é outra história! Eu, particularmente, não gosto da política de FHC. Eu, particularmente, condeno quase todas as decisões tomadas pelo Governo Federal, mas não é por isso que vou aplaudir qualquer ato de violência que seja cometido contra quem quer que seja. E quando a figura do Presidente da República é desrespeitada, fico com medo, sim, do que pode estar vindo por aí, com respeito às atividades do Movimento dos Sem Terra, que já disse aqui e repito: é um grupo que não reivindica com postura e educação, mas com meios terroristas e de imposição. E tudo o que for conquistado com violência, com imposição, com atos de selvageria, como foi a invasão da Fazenda em Buritis, não combina com o espírito daqueles que querem soluções de problemas, sem violência.

E falou-se que líderes que lá estiveram e que, depois, foram algemados e presos, tinham à disposição de tocar fogo na fazenda. Isso, para mim, não é mais movimento de reivindicação por terras. Isso para mim cheira a guerra civil que um grupo, por enquanto um pequeno grupo, com o aval de algumas autoridades, tentam impor com esses movimentos espalhados por todo o Brasil.

E o MST vem conseguindo e conquistando caminho, principalmente em nosso Estado, quando no julgamento entre MST e Brigada Militar, a Brigada Militar perde sempre.

Ou o Governo Federal, ou os homens de real boa vontade agem com firmeza contra o Movimento dos Sem Terra, colocando-os no seu devido lugar, atendendo a reivindicações viáveis, reais, ou então muito mais cedo do que se pensa estarão instauradas no território nacional ações de terroristas, usando a bandeira do MST como escudo para suas ações de terrorismo, de arruaça, de baderna.

Que os verdadeiros Sem Terra, que os homens, mulheres e crianças que ostentam a bandeira do MST e pedem terra para cultivar e viver sejam atendidos o mais rapidamente possível. E que aqueles que usam a bandeira dos Sem Terra para atos de vandalismo e invasões de propriedades produtivas e locais públicos sejam colocados, sim, na cadeia.

Não podemos ver o caso da Fazenda Buritis como um caso isolado, não.

É preciso trancar a porteira para estes arruaceiros, do contrário em breve irá passar toda a boiada. É um ditado popular. Não é? Irão passar todos aqueles que vestindo a camisa dos Sem Terra se completam com a política do quanto pior melhor para os movimentos políticos neste País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra por cessão de tempo do Ver. Valdir Caetano em Grande Expediente.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Ilustre Sr. Presidente em exercício da Câmara Municipal e dos trabalhos, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, a Rede Globo, já na semana passada, no seu programa Hoje, de grande audiência, às 13h30min, fez um levantamento sobre orientação sexual e educação sexual com os jovens, principalmente com os jovens do Norte e do Nordeste, e ficou constatado - e eu já tinha falado nesta tribuna sobre a preocupação dos jovens, sendo que um deles chegou a referir que ao invés de orientação sexual, uma palestra, de quando em vez, ele preferia que fosse tratado como disciplina ou como conteúdo sistemático e continuado nas escolas, ou seja, os próprios jovens estão reivindicando e declarando que necessitam dessa educação sexual nas escolas.

Hoje, 25 de março, a Zero Hora traz um encarte chamado ZH Escola, contendo uma matéria magnífica sobre o desafio da orientação sexual. (Lê.) “A maioria dos professores – e grifa bem, com letras graúdas e em negrito – não têm capacitação para abordar o assunto”.

Tudo isso está na mídia. Agora, pasmem os senhores: vejam que em 3 de janeiro de 1995, a Lei n.º 7.583 do Prefeito Tarso Genro - por iniciativa de um Projeto deste Vereador, de 1991 - portanto, quatro anos depois - foi promulgada. A Lei n.º 7.583, que diz na sua Ementa: (Lê.) “Institui na rede municipal de ensino público de 1.º e 2.º graus o conteúdo educação sexual e dá outras providências”. E diz o art. 1.º: (Lê.) “Fica instituído na rede municipal de ensino público de 1.º e 2.º graus o conteúdo educação sexual, nos termos desta Lei; art. 3.º: Após a elaboração dos conteúdos disciplinares, estes serão submetidos à apreciação do Conselho Municipal de Educação, nos termos da Lei Complementar n.º 248 de janeiro de 1991; art. 4.º: O Executivo Municipal regulamentará esta Lei no prazo de 90 dias, a contar da data da sua publicação”.

Esta Lei, repito, é de 3 de janeiro de 1995 e foi regulamentada, sim, está aqui a regulamentação, que é o Decreto n.º 11.348, de 1.º de novembro de 1995, portanto, nove meses depois. Isso não é importante, foi regulamentada, sim, por meio desse Decreto. Mas a primeira grande surpresa é a minha estupefação, Srs. Vereadores: o Decreto modificou a Lei. A Lei está aqui: (Lê.) “Fica instituída na rede municipal de ensino público de 1.º e 2.º graus o conteúdo educação sexual.” Qualquer um sabe que conteúdo é algo que vai junto na disciplina, por exemplo, o conteúdo da educação sexual poderia ir na disciplina de Ciências Sociais ou de Biologia, isso qualquer um sabe. Vejam o que fez o então Prefeito Tarso Genro no seu Decreto de 1.º de novembro de 1995: “Art. 1.º: A rede municipal de ensino desenvolverá o conteúdo de educação sexual - sexualidade humana - sob a denominação de orientação sexual”. Orientação sexual é outra coisa, é exatamente o que nós não queremos.

Outro dia eu falei aqui de um jovem de Fortaleza, no Ceará, com 16 anos, que disse para a Rede Globo: “Eu acho que melhor do que essas conferências de quando em vez, de um mês ou cinco meses em cinco meses, deveria haver educação sexual como disciplina, assim como História, Geografia e Matemática”. Ele quis dizer que deveria haver continuidade.

Então, por um Decreto, o Sr. Prefeito modificou, e nós tomaremos providências. Creio que esta Câmara terá que fazer um Decreto Legislativo corrigindo o Decreto em que o Sr. Prefeito modifica a Lei. Desde quando nós fazemos lei, e o Prefeito muda a lei através de Decreto?

 

A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. NEREU D’ AVILA: Eu não vou dar aparte. Agora, vejam bem a importância da matéria. A ZH Escola de hoje diz o seguinte: “Desafio da orientação sexual. Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciências e Cultura - UNESCO - em quatorze capitais brasileiras, no final do ano passado, incluindo Porto Alegre - incluindo Porto Alegre! -, mostrou que 70% dos professores de escolas públicas e privadas nunca foram orientados sobre como abordar o sexo e a prevenção de doenças e drogas na sala de aula.”

Pois bem, aqui no meio do jornal, na página central, diz que pais pedem ajuda à escola e vice-versa. Aqui diz que um cidadão, pai de três jovens de idade escolar, Presidente de uma Associação de Pais e Mestres afirma que o papel da escola na formação sexual dos filhos é fundamental. Ele diz: “Muitas vezes os pais representam a figura de alguém ultrapassado e temos que impor muitos limites, por isso o auxílio da escola é importante”, justifica. Diz aqui que 45% dos alunos afirma transar com pessoas que pouco conhecem; 70% dos professores nunca realizaram nenhum curso de capacitação para atuar na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e no uso de drogas; 60% dos pais e alunos afirmam terem informação insuficiente sobre sexualidade e saúde reprodutiva; 47% dos professores avaliam como insuficiente o seu próprio conhecimento sobre os temas de saúde sexual e reprodutiva; 32% dos pais nunca recomendaram aos filhos o uso de preservativo; 45% dos mestres que passaram pelo processo de capacitação consideram os cursos ruins.” E aqui diz mais; diz o seguinte: “Em Porto Alegre uma iniciativa da Escola Estadual Ceará, no Bairro Teresópolis, obteve reconhecimento da Organização da UNESCO, quando implantou, a partir de 98, o Projeto Ficar.” O Projeto Ficar reúne os alunos da 7ª série para estudar a sexualidade e reprodução humanas, tal e tal...

O que eu quero dizer e denunciar? Nós, na semana passada, telefonamos quatro, cinco vezes para a Secretaria Municipal de Educação; falamos com o Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Educação e ele nunca tinha ouvido falar do assunto! Não sabia que existe Lei em Porto Alegre, que Porto Alegre foi a primeira Capital a implantar essa Lei, que foi regulamentada e mudada para “orientação”. Mas não tem orientação educacional. Não sabia nada, não sabe nada, se os professores estão sendo capacitados para essa matéria ou não. Então, eu pergunto: de que adiantou nós levarmos quatro anos para implantar esse Projeto que, em 95 o Prefeito Tarso Genro transformou em Lei, mudando a Lei inclusive para orientação sexual? Mas, mesmo como orientação sexual, até hoje não foi aplicada nas escolas municipais o que a Lei recomenda. O nosso orgulho – fizemos um discurso na semana passada, depois da matéria da Rede Globo - em dizer que Porto Alegre era pioneira no Brasil evaporou-se, evadiu-se. O nosso entusiasmo, neste momento, transforma-se em perplexidade, em decepção, porque, se há uma lei, Porto Alegre tem tudo nas mãos, inclusive o discurso do Partido dos Trabalhadores na questão da educação sexual nas escolas; quando a Rede Globo fez a matéria, eu passei um fax dizendo que Porto Alegre era a primeira no Brasil. Envergonho-me agora. É na teoria; na prática, nada, nada, nada! E aqui estão as provas!

Sr. Presidente, agradeço a tolerância de V. Ex.ª. Voltaremos ao assunto, pela importância que inclusive hoje foi dada ao assunto, com um caderno especial. Estarrecedor, onde diz que 70% dos alunos não sabem nada de orientação sexual, e Porto Alegre tem uma lei já há sete anos, que não tem vigor nenhum. É um desrespeito com esta Casa e eu lamento muito que a Administração Popular deixe uma matéria dessa importância a ver navios. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, cidadãs e cidadãos de Porto Alegre, em primeiro lugar, quero parabenizar a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio por uma operação corretíssima feita nesta manhã em nossa Cidade, quanto à questão dos vales-transporte clandestinos, vendidos no Centro da Cidade. Quatro mil apreendidos em três camelôs. Ou seja, estamos no bom caminho combatendo as ilegalidades. Não podemos ser tolerantes com essa questão. Na semana passada, também houve apreensão de materiais encontrados em um hotel da Av. Voluntários da Pátria. Estamos no bom caminho.

Mas, hoje, quero falar num assunto que perturba a muitas e muitas pessoas na Cidade de Porto Alegre. Estou realizando um estudo minucioso da legislação federal, estadual e municipal - diga-se de passagem, temos uma boa legislação municipal - sobre a poluição sonora, sobre os ruídos e gostaria de colocar às senhoras e senhores o gravíssimo problema que vive a nossa Cidade, que vivem os grandes centros urbanos com a verdadeira zoeira que acontece em alguns lugares, em qualquer grande cidade, e a nossa não está fora disso.

A Organização Mundial da Saúde fixa em 55 decibéis a quantidade de sons que o ouvido humano pode tolerar sem danos à capacidade auditiva e demais condições de boa saúde. Vejam que, quando falamos em voz alta, e quando ouvimos rádio a um bom volume, nós já estamos com 60 decibéis, ou seja, transpondo o limite do tolerável a nossos ouvidos. Imaginem as senhoras e senhores a sirene, a britadeira: são 120 decibéis. O tiro, o tráfego intenso, as motocicletas a todo volume são 100 decibéis. O tráfego de veículos automotores, o fliperama, etc., são 80 decibéis.

Como podemos ver, as várias atividades, com as quais nos defrontamos diariamente na nossa Cidade, estão acima do mínimo tolerável pelo ouvido humano. Imaginem as senhoras e senhores, quem circula pela Av. Borges de Medeiros: cigarros contrabandeados, são gritos; óculos de grau vendidos, são gritos; e estes malucos que estão vendendo o tal de “HB”, essa nova coqueluche da Cidade... São gritos, são uivos, são berros; as pessoas ficam ensurdecidas, e aquele tique-taque, aquele som permanente daqueles despertadores paraguaios, que são ouvidos no 12.º. andar da Vig. José Inácio. Eu fiz a experiência, é insuportável! Imaginem alguém com escritório ou alguém que more lá. Eu recebi uma visita de uma delegação de pessoas que são moradores do Centro de Porto Alegre, da Dr. Flores: ninguém suporta mais. Nós precisamos resolver esse problema. Amanhã de manhã, às 11h, eu tenho uma reunião na Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Estou indo lá munido da legislação municipal, munido de todas as legislações, para ter uma reunião com o corpo técnico da SMAM. Nós queremos discutir minuciosamente a aplicação rigorosa da Lei Municipal; se ela for insuficiente, eu vou discutir uma ampliação da legislação. Ver. Beto Moesch, eu sei que V. Ex.ª é um homem preocupado com as questões ambientais de nossa Cidade, há de convir que essa é uma situação intolerável, mas mais intolerável é haver aparelhos de som a todo volume, ouvindo CD pirata no Centro de Porto Alegre. Aí, não há desculpa!

Eu propus que a SMIC fizesse uma operação padrão nesses segmentos, e que não desse nenhuma guarida a esse tipo de ilegalidade que, além de ser uma ilegalidade, é um CD pirata que é vendido, que vem pelo contrabando, não paga direito autoral, portanto, o músico não recebe, o artista não recebe, além de não pagar os tributos, além de ser de péssima qualidade, ainda infernizam a vida das pessoas que circulam no Centro da Cidade. Quem paga depois os problemas de saúde dessas pessoas que no dia-a-dia são importunadas por essa zoeira que se tornou o Centro da nossa Cidade? Quem paga isso? A pessoa vai para o hospital, ela fica doente, ela acaba sendo molestada.

Nós precisamos, portanto, fazer valer a legislação municipal e nós temos de fazer uma operação padrão no Centro, porque esse som que é tocado lá, não são as pilhas pirateadas que o sustentam, mas são “gatos”, ou seja, fazem ligações clandestinas, pior ainda, roubam a luz da Prefeitura que nós, cidadãos, pagamos. Vendem o CD pirata que não paga imposto, vendem o CD pirata que não paga o direito autoral e ainda causam danos à saúde da população. Alguém tem coragem de vir aqui nesta cidade de Porto Alegre defender esse tipo de negócio? Não. Mas também têm lojas estabelecidas que fazem isso? Fazem, e nós temos que resolver esse problema. Nós não podemos mais tolerar esse tipo de balbúrdia que acontece, porque as pessoas estão começando a ficar doentes, vão gastar dinheiro no médico e nós, da municipalidade, vamos gastar mais. Portanto, vamos fazer uma discussão séria nesta Casa sobre isso.

Caso necessitarmos, eu vou solicitar à Comissão de Saúde e Meio Ambiente desta Casa que façamos um debate em toda a sua dimensão. Nós precisamos de uma cidade harmoniosa, que tenha convivência pacífica e que os sons que ouvimos nesta Cidade, seja o som da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre ouvida ontem, no final da tarde, no Parque da Redenção; seja o verde das nossas praças, seja o verde dos nossos jardins, com o som do sabiá, mas não a zoeira de sons infernizantes que, principalmente, são os sons dos camelôs irregulares que vendem produtos ilegais no Centro da nossa Cidade. É um movimento que inicio nesta Casa com a audiência de todas as senhoras e senhores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Paulo Brum está com a palavra em Grande Expediente por cessão de tempo do Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. NEREU D’AVILA (Requerimento): Sr.ª Presidenta, eu quero requerer a V. Ex.ª - em seguida o farei por escrito, nos termos do Regimento - que haja a oitiva da egrégia Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, órgão máximo a respeito da exegese das leis e dos regulamentos que elaboramos aqui, a respeito da mudança do texto, aprovado por esta Casa, da Lei n.º 7.583, quando diz que fica instituído na rede municipal de ensino público o conteúdo “Educação Sexual” nas escolas de 1.º e 2.º graus. E o Decreto n.º 11.348, do mesmo ano de 1995, no seu art. 1.º que diz: “A rede municipal de ensino desenvolverá o conteúdo de Educação Sexual, sexualidade humana sobre a denominação de orientação sexual.” Ora, não foi esse o espírito da Lei, até queríamos que fosse disciplina de Educação Sexual, mas, na última hora, o Vereador e Professor Jocelin Azambuja, professor emérito desta Cidade, convenceu-nos que era melhor, por causa da Lei de Diretrizes e Bases, que fosse conteúdo, porque podia acoplar-se a uma disciplina e V. Ex.ª deve saber também, professora emérita que é.

Então, requeiro que esses documentos sejam encaminhados à Comissão de Justiça para dirimir se um decreto pode mudar uma lei que esta Casa votou soberanamente. Portanto, encaminho em seguida a V. Ex.ª, por escrito, esse Requerimento.

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Esta Presidência aguarda o seu Requerimento. Consultaremos a Diretoria Legislativa em relação a esse encaminhamento, Vereador.

Com a palavra, o Ver. Paulo Brum em Grande Expediente.

    

O SR. PAULO BRUM: Sr.ª Presidenta Ver.ª Helena Bonumá, quero agradecer ao meu colega e Líder Ver. Antonio Hohlfeldt por ter me cedido o seu tempo para que eu pudesse fazer esta manifestação.

Na última sexta-feira, dia 22 de março, tivemos aqui na Tribuna Popular a representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos – FENEIS. Sem sombra de dúvida, há muitos anos a FENEIS vem lutando pela integração dos surdos junto à sociedade e, em especial, no que diz respeito à LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais.

Mas o que eu trago para os Anais desta Casa é que também na última sexta-feira, dia 22 de março, o Ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, lançou em Brasília um CD-ROM que integra o Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos. Quinze mil dicionários digitais na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS - serão distribuídos às escolas públicas do País que atendem aproximadamente a cinqüenta mil deficientes auditivos.

A primeira fase do projeto destina-se à capacitação de recursos humanos que irão atuar como multiplicadores nos Estados. Também inclui a implementação de Centros de Apoio Pedagógicos para Surdos - CAPES - em todo o território nacional. Ainda será lançado o Dicionário Trilíngüe, em LIBRAS, elaborado pelo Prof. Capovila, da Universidade de São Paulo, em versão impressa do livro LIBRAS em Contexto e de Fitas em Vídeo. E também um Projeto de Lei que tramita no Senado propõe que a LIBRAS seja disciplina obrigatória no currículo escolar.

Portanto, Sr.ª Presidente, trazemos esta manifestação e queremos dizer que o Governo Federal está fazendo a sua parte no que diz respeito à plena inclusão social das pessoas portadoras de deficiência.

Por outro lado, Sr.ª Presidente, eu quero fazer mais um registro - entre tantos outros que tenho feito nesta tribuna - denunciando que o Governo do Estado nada ou quase nada está fazendo para a inclusão das pessoas portadoras de deficiência, falando em especial dos deficientes físicos, aqueles que necessitam de uma cadeira de rodas para poderem se locomover, para poderem buscar a sua inclusão social.

Em 1998, eu já denunciei desta tribuna, nós, entidades representantes das pessoas portadoras de deficiência, conseguimos que o Governo do Estado firmasse convênio com o Grupo Hospitalar Conceição para que este pudesse fazer o atendimento, a distribuição de aparelhos auditivos, de cadeiras de rodas, de próteses, para o atendimento das pessoas portadoras de deficiência notadamente carentes. Pois bem, Sr.ª Presidente, desde 1998, quando assumiu o atual Governo, em 1999, até agora não foi distribuída sequer uma cadeira de rodas.

O que é mais grave: em dezembro de 2000, o atual Governo do Estado revalidou o convênio com o Grupo Conceição comprometendo-se a repassar 1 milhão, 180 mil reais, exatamente para atender a demanda de pedidos de cadeiras de rodas, aparelhos auditivos, bengalas, enfim, aparelhos que possibilitem que o cidadão com deficiência possa ter direitos iguais a todos.

Desde 2000, mesmo depois de assinando um convênio, comprometendo-se a repassar verbas - e já estamos em março de 2002 -, não foi repassado um centavo sequer para atender ao compromisso assumido com as pessoas que necessitam.

Nós, como entidades, estamos fazendo a nossa parte. No penúltimo sábado, estivemos em Rio Pardo fazendo a entrega de uma cadeira de rodas a um cidadão que estava há quase um ano sobre uma cama, quase atrofiando todos os seus membros, e seus pedidos ainda não haviam sidos atendidos. A ORTOBRÁS, como já manifestamos nesta Casa, por intermédio de seus funcionários, doou um dia de produção para fabricar cadeiras de rodas, fazendo aquilo que é dever do Governo do Estado, e que não está sendo feito. Será que isso também não é crime? A Ver.ª Sofia Cavedon diz que o Governo Federal pratica crime, que mata, será que aqui bem perto também não estão matando, não estão deixando os cidadãos morrerem sobre uma cama, por falta do cumprimento do que determina a nossa Constituição?

Fica aqui nosso alerta, nossa manifestação de repúdio, pois aqui, bem perto de nós, por descaso de nossos governantes, existem pessoas se atrofiando sobre uma cama por falta de uma cadeira de rodas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Grande Expediente.

 

O SR. BETO MOESCH: Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, o que nos traz a esta tribuna é a manifestação corajosa e muito oportuna do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, com relação à cartilha eleitoral lançada em uma reunião-almoço da Associação dos Dirigentes Cristão de Empresa – DCE. Dom Dadeus foi muito feliz, porque foi muito objetivo, profundo e de fácil entendimento. Essa publicação atende à orientação do Conselho permanente da CNBB; portanto, não é um manifesto qualquer ou isolado, mas visa, justamente, a orientar os eleitores dentro dos princípios básicos da doutrina social da Igreja.

Basicamente, ele coloca de forma muito clara que “o eleitor deve participar do processo eleitoral, porque é um direito e um dever, não pode ficar apático. Deve aproveitar esse momento para exercer a cidadania.” E diz, também, claramente, que “nenhuma ideologia totalitária, seja ela qual for, deve ser aceita pelo eleitor. Nenhum tipo de visão que não deixe a liberdade prosseguir.” Esta é a filosofia básica: que defendamos ideologias de liberdade. “Reafirmar a doutrina social da Igreja, pondo a erradicação da fome, o respeito aos direitos humanos e o desenvolvimento sustentável entre as prioridades. Ser cidadão é um dever indeclinável, sempre cheio de responsabilidade e de criatividade, portanto, dentro de uma ideologia que promova a liberdade, porque senão não há criatividade. Viver como cidadãos livres, amigos e democráticos porque põem como fulcro de vida a fraternidade como base de escolha de qualquer tipo de candidato, de relação entre todo tipo de político. A construção da cidadania se faz pela solidariedade, fazendo prevalecer os sentimentos de igualdade e eqüidade, mas, ao mesmo tempo, garantindo as diferenças para proteger a identidade de cada pessoa e de cada grupo ou classe, porque estamos numa cidade eminentemente pluralista e deve ser respeitada como tal. A ordem social deve preceder à ordem de trabalho; a convivência é, sem dúvida, mais importante que a produção e o consumo de objetos.” Ou seja, ele defende aqui o exercício pleno da cidadania e a garantia para que isso se estabeleça. E coloca que: “A campanha eleitoral é eminentemente civismo. E por educação cívica entendemos, em primeiro lugar, o interesse pelo bem comum, gosto acima dos interesses particulares, que, por sua vez, deve ser pautado pelo princípio da subsidiariedade, que trata de proporcionar condições para que cada pessoa se realize responsavelmente. O princípio da subsidiariedade exige que se deixe a responsabilidade a cada pessoa. Portanto, que a sociedade não usurpe o que, convenientemente, pode ser feito pelo indivíduo”. Ou seja, tudo que o indivíduo pode fazer o Estado não deve fazer. “Isso, de um lado. Mas assuma, decididamente, a administração de tudo o que não consegue ser realizado suficientemente pelos indivíduos ou sociedade menores”. O que o menor não pode fazer, aí sim, o Estado deve fazer. Esse é o princípio básico da subsidiariedade.

Abordando em vários capítulos, num total de nove, apresenta temas para o debate político. (Lê.) “Deve-se evitar que as polêmicas dessa campanha eleitoral induzam os cidadãos a dúvidas da legitimidade e da democracia de nossas instituições, ou levassem a minimizar o próprio processo eleitoral.“ Vejam que abordagem madura é colocada para os eleitores. (Lê.) “A necessidade de superar a desintegração das consciências que leva à apatia e à insensibilidade moral, com o vazio ético é impossível governar.” E aqui, ele, portanto, destaca a especial atenção que deve ter a família, que é a primeira e fundamental escola de formação, e que, portanto, devemos investir na família.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Beto Moesch, é muito oportuna a sua manifestação, porque esse foi um tema hoje da Rádio Gaúcha, que enfocou essa questão da Cartilha do nosso Arcebispo. É importante salientar que a sociedade, por sua vez, pode não entender bem, é que, em nível nacional e mundial, a preocupação da Igreja é que não ocorram esses fatos isolados, onde algumas pessoas se aproveitam da política para querer enriquecer do dia para a noite. Acredito que a Cartilha enfoca, de fato, o papel do bom cristão e de que forma ele deve-se defender, ou defender a sociedade como parlamentar, ou leigo na defesa da religiosidade das pessoas.

 

O SR. BETO MOESCH: Muito obrigado, Vereador. É justamente isso que a Cartilha prega, não aceitando nenhum tipo de totalitarismo nas ideologias, expressa muito bem: (Lê.) “Não é o Ministro ou o Secretário de Educação quem fazem a escola, e, por isso, quem decide sobre a educação são os professores, mais ligados à sociedade e à família, que é o poder. É o momento de debater a questão das escolas comunitárias, não só para reconhecer sua legitimidade, mas para garantir-lhes subsistência em pé de igualdade com as públicas.” O direito à liberdade insistentemente apregoado pelo Dom Dadeus. (Lê.) “Não amar a própria idéia mais do que o ser humano. Não se fanatizar por alguma ideologia, mas promover as pessoas concretas como irmãos e irmãs. A primeira característica da política é a responsabilidade e constitui-se no tempo e no espaço de esperança. O político tem o dever de incutir esperança no povo.” Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Informamos aos Srs. Vereadores que temos, do lado esquerdo do Plenário, os alunos, em visita orientada, da Escola Estadual Visconde de Pelotas. São quarenta alunos da 3.ª série acompanhados das Professoras Alaíde Teixeira, Ana Lúcia Rangel e Eliane Gomes. Esta atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desenvolve com escolas e entidades de Porto Alegre e da Grande Porto Alegre. Nossas boas-vindas aos estudantes que estão nos dando a honra da sua visita!

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr.ª Presidenta, nós gostaríamos de requerer a seguinte ordem dos trabalhos, fundamento a razão. Tendo em vista a homenagem que esta Casa prestou aos 80 anos do Partido Comunista do Brasil, trazendo o Grande Expediente para a primeira parte da Sessão, e considerando que é importante e fundamental entrarmos no exame dos Vetos, sob pena de trancarmos os trabalhos, de obstruirmos os trabalhos desta Casa, requeiro a V. Ex.ª que, submetendo ao Plenário, seja votada a seguinte organização dos trabalhos na continuidade da Sessão Ordinária desta tarde: em primeiro lugar, discussão preliminar de Pauta neste momento, preservada as manifestações das Lideranças, imediatamente para a Ordem do Dia, passando às Comunicações do dia de hoje para a Sessão subseqüente à Sessão Ordinária de sexta-feira. Acredito que teremos também o apoio da bancada governista desta Casa, liderada pelo Ver. Estilac Xavier. Sou grato.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Nós mantemos a ordem dos trabalhos proposta, Ver. Isaac Ainhorn, porque houve uma inversão do Grande Expediente, foi meritória, e...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Isaac Ainhorn.)

 

O SR. ESTILAC XAVIER: O Ver. Isaac Ainhorn exaltou-se por que motivo? A nossa manifestação é para que se mantenha a ordem dos trabalhos que está colocada na agenda.

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): Srs. Vereadores, nós temos um Requerimento e temos a manifestação do Ver. Estilac Xavier, Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores, de que não há acordo com relação ao Requerimento. Portanto, nós colocamos em votação o Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar o Requerimento de sua autoria.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr.ª Presidenta e Srs. Vereadores, na realidade, o que está acontecendo é que o Partido dos Trabalhadores, que agora requer a votação nominal deste Requerimento, está pretendendo obstruir os trabalhos e a Ordem do Dia desta Casa. Para alterar a Ordem do Dia, estabelece o Regimento que há necessidade de um requerimento. Agora, anti-regimentalmente, o Líder da bancada petista, nesta Casa, usou do microfone de apartes para dizer que queria fazer um requerimento de manutenção da ordem dos trabalhos. Ora, eu estou aqui, Vereador, eu não estou no Rio de Janeiro, as questões óbvias não precisam ser ditas. Daqui a pouco, V. Ex.ª vai dizer: “Oi, Ver. Isaac Ainhorn, cheguei aqui”. E eu vou dizer: ”Eu pensei que V. Ex.ª estava em São Paulo.” Era completamente desnecessária a manifestação de V. Ex.ª, agora, se V. Ex.ª quer contraditar o meu Requerimento, V. Ex.ª deve encaminhá-lo, Vereador. Esta é a recomendação da boa técnica legislativa. V. Ex.ª usou mais uma vez do expediente. Eu não vou dizer que houve má-fé por parte da Ver.ª Helena Bonumá, porque ela merece o meu maior respeito e admiração, mas ela teria de, inclusive, impedir a manifestação de V. Ex.ª, por intermédio do microfone de apartes, porque V. Ex.ª estava agindo de forma anti-regimental, e nós temos de ser cumpridores do Regimento. Se eu quero alterar a Ordem do Dia, eu preciso submeter ao Plenário essa deliberação. Se alguém é contrário à proposição, que se manifeste em nome do seu partido ou da sua bancada. V. Ex.ª, Ver. Estilac Xavier, não vai fazer mais aquele trabalhado de solapa, de dividir a oposição nesta Casa. Há oposição nesta Casa, Ver. Estilac Xavier; eu quero lembrar isso a V. Ex.ª e ao Prefeito, que não é Prefeito de Porto Alegre, porque não honrou a palavra. Tarso Genro não honrou a palavra. V. Ex.ª, que é Líder do seu Governo, que não administrou a Cidade, porque esteve mais fora do que dentro, durante esse tempo, não vai cindir a oposição desta Casa. Felizmente, eu aguardo aqui neste momento a sua sensibilidade, e tenho o maior respeito por V. Ex.ª como parlamentar, Ver. Estilac Xavier, e como articulador político – ah, isso eu tenho -, e, como cidadão, tenho um respeito enorme por V. Ex.ª, até porque em algumas matérias do interesse da Cidade, como foi a questão das Estações de Radiobase, estivemos juntos aqui neste Plenário, defendendo aquele extraordinário movimento, que nasceu de baixo para cima, diferentemente do Orçamento Participativo de V. Excelência.

Portanto, Sr.ª Presidenta, eu quero sustentar o porquê da importância, neste momento, de entrarmos na Ordem do Dia para examinarmos e discutirmos os Vetos, porque, do contrário, nós chegaremos às 17h, às 18h, e não estaremos enfrentando a Ordem do Dia dos trabalhos. E esta Sessão Legislativa, Ver. Elói Guimarães, tem por objetivo trabalhar na Ordem do Dia, votar os projetos que estão na Pauta, e ao que, com muita propriedade, o Ver. Sebastião Melo tem sistematicamente acusado o PT. O Ver. Sebastião Melo tem denunciado essas manobras e artimanhas petistas, mas que nós não deixaremos, PTB, PDT, PFL, PSL, PSDB, PPB, PMDB, PPS, PDT, nós não vamos mais deixar estas coisas se arrastarem, como temos feito aqui com muito cuidado, quando rejeitamos o Projeto do IPTU Progressivo. Hoje, estão aí os tribunais brasileiros declarando a sua inconstitucionalidade. E mande avisar para o próximo Prefeito, que assume dia 5, que é melhor ele não perder o seu tempo, porque esta Câmara vai rejeitar a penalização dos porto-alegrenses por intermédio do aumento do IPTU no ano que vem.

Nós prestamos uma homenagem, hoje, ao movimento popular, por meio da comemoração dos 80 anos do PC do B, então invertemos o Grande Expediente, invertemos, trouxemos o Grande Expediente para cá, então nós queremos passar as Comunicações para lá, a fim de entrarmos na Ordem do Dia, Vereador. Eu tenho certeza, e guardo ainda expectativa, de uma reversão de posição de V. Ex.ª, porque V. Ex.ª, eu sei, é um Vereador de sensibilidade e sabe que nós temos que desobstruir a Pauta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, eu devo declarar que esse tipo de debate não me satisfaz. Por exemplo, é pouco comum observar-se aqui nesta tribuna qualquer tipo de manifestação anti-regimental deste Vereador. Eu atentamente ouço todas as questões e me manifesto depois pessoalmente ou nos momentos devidos, como manda o Regimento. E fui ao microfone de apartes do Plenário dizer ao Ver. Isaac Ainhorn que a sua proposição não tinha o nosso “de acordo”. O que aproveitou o Ver. Isaac Ainhorn para fazer? Ele aproveitou para usar o tempo de 5 minutos para atacar o Prefeito, para falar do Orçamento Participativo, para falar das mais variadas questões. Então, Ver. Isaac Ainhorn, V. Ex.ª, que, de mim, tem admiração e respeito, dessa vez, quando fez esse movimento, utilizou-se do expediente que condenava em mim, porque eu não fiz nenhum expediente, eu fui ao microfone dizer que não dava o meu “de acordo” ao seu Requerimento. E não dou o meu acordo ao Requerimento porque há uma situação absolutamente desigual aqui. Esse sistema de rodízios e de troca do período de Comunicações alfabético, Ver. João Antonio Dib - V. Ex.ª que é um homem que prima pela justiça -, não faz o debate interno adequado aqui dentro da Casa. Nós, hoje, temos um sistema em que no período de Comunicações, por exemplo, faz com que haja um rodízio dos Vereadores por ordem alfabética. O que significa dizer que, no período de Comunicações, Ver. Luiz Braz, há vezes que só uma opinião é veiculada. Essa foi uma alteração no Regimento que foi feita no passado, eu até nem a conheço muito bem, vou-me dedicar a discutir isso. Agora, hoje, quando nós invertemos, aceitamos com plena consciência a reversão do Grande Expediente, foi-se mantendo o resto, ou seja, as Comunicações, a Pauta, que queremos discutir, e a questão da Ordem do Dia nos vetos. O que ocorre, na verdade, Ver. Isaac Ainhorn, é que V. Ex.ª sabe que não vai ser isso que vai impedir a votação e a apreciação dos vetos, porque os vetos estão na Pauta e V Ex.ª já sabe que é obrigatória a apreciação dos vetos. O resto tudo é aquela condição que eu considero inadequada nesta Casa, que é vir aqui à tribuna para fazer um debate que, no fundo, as pessoas sequer estão entendendo. V. Ex.ª usou os 5 minutos de forma anti-regimental, porque não sustentou as conveniências legislativas e processuais, exaustivamente, para provar que a sua proposição era a mais conveniente, a mais profícua, a melhor para esta Casa, quando colocava as ordens. Mas resolveu falar do quê? Resolveu falar do Orçamento Participativo, do Prefeito, da Cidade, etc. Parece-me que essa não é uma situação que dê lastro para a sua posição.

V. Ex.ª pode até lograr sucesso aqui na votação, mas, convenhamos, pedir a mim, Ver. Isaac Ainhorn, quando V. Ex.ª é um dos mais contumazes Vereadores a apartear de forma anti-regimental de sua tribuna, fazendo disso a base para acusar a minha posição em relação ao contraste que eu dei a sua proposta de Requerimento, no mínimo, é inadequado.

Eu sustento que, hoje, nós temos um período de Comunicações. Nós pretendemos usar esse período de Comunicações e, por isso, estamos sustentando isso aqui na Casa. Normal e legal. Não tem nada a ver com obstrução de trabalhos. V. Ex.ª chamou a si e a um grupo de Vereadores, agora, a condução da Casa, dizendo que o Governo era quem mandava na ordem do Plenário, ou seja, o que votava e o que não se votava. Muito bem, V. Ex.ª agora está no comando dos requerimentos que organizam os trabalhos e as discussões. V. Ex.ª também terá os ônus e os bônus desta proposição, isso é evidente. Nós, quando contávamos e apreciávamos, junto com todos os Líderes, quais era as pautas importantes para serem discutidas na Ordem do Dia, por maioria nesta Casa, colocávamos as questões. Isso nunca foi uma imposição do grupo que é minoritário aqui, que é o grupo da Bancada da Frente Popular. Então lamento lhe dizer que a nossa posição é a de manter.

V. Ex.ª está com algum problema, Ver. Isaac Ainhorn? Eu ainda tenho tempo, mais 10 segundos.

Estou dizendo que, para manter a Pauta, nós estamos fazendo porque temos hoje um período de Comunicações, pretendemos usá-lo e, depois, vamos trabalhar os projetos e depois a Ordem do Dia, sem problema nenhum de obstrução. Era isso, Sr.ª Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Helena Bonumá): O Ver. João Antonio Dib está coma palavra para encaminhar o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn.

 

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.ª Presidente, Srs. Vereadores, depois de 31 anos e dois dias que eu fiz o meu primeiro pronunciamento da tribuna, eu acho que não posso discutir essa matéria. É brincar de Vereador! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Helena Bonumá): Em votação o Requerimento s/n.º de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. Votação nominal por solicitação do Ver. Estilac Xavier. (Após a apuração nominal.) APROVADO por 17 votos SIM e 09 votos NÃO.

Pelo Requerimento do Ver. Isaac Ainhorn, passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 0692/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 001/02, que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Porto Alegre, disciplina o Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores do Município de Porto Alegre, e dá outras providências.

 

PROC. 0956/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 034/02, de autoria da Ver.ª Prof.ª Marili, que cria o Programa de Incentivo ao Atendimento Voluntário para alunos com deficiência de aprendizado escolar.

 

PROC. 0969/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/02, que acrescenta artigo à Lei nº 7.690, de 31 de outubro de 1995, modificada pela Lei nº 8.183, de 1.º de julho de 1998, que dispõe sobre a gratificação de incentivo técnico e dá outras providências.

 

PROC. 1099/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 039/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Manoel Bitencourt um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Coronel Aparício Borges.

 

PROC. 1030/02 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 002/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera e acrescenta dispositivos à Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (elaboração e execução dos orçamentos públicos)

 

PROC. 1100/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Pastor Boll um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 1110/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 042/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que institui o Dia da Seicho-No-Ie no Município de Porto Alegre.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 0360/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 001/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a obrigatoriedade de execução da Lei Orçamentária e dá outras providências.

 

PROC. 0949/02 - PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 001/02, de autoria do Ver. João Antonio Dib, que susta os Decretos nºs 13.650, de 27 de fevereiro de 2002, 13.651, de 27 de fevereiro de 2002 e 13.652, de 27 de fevereiro de 2002 e seus efeitos.

 

PROC. 0992/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 036/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Dr. João Cesar Krieger um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.

 

PROC. 1065/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 021/02, que denomina Jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro a passagem de nível da Avenida Protásio Alves que transpõe a Avenida Carlos Gomes.

 

PROC. 4659/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 120/01, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que dá nova redação ao art. 172 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (da votação)

 

PROC. 4660/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 121/01, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que dá nova redação ao § 2.º do art. 228 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992 - Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (estrutura das bancadas)

 

PROC. 4662/01 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 123/01, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que inclui § 5.º no art. 31 da Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre). (subcomissões)

 

PROC. 4666/01 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 009/01, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que dá nova redação ao caput do art. 81 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (inclusão na Ordem do Dia)

 

PROC. 0729/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 024/02, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera o art. 1.º da Lei nº 4.555, de 30 de abril de 1979, e alterações posteriores, que autoriza o Município a permitir licenças para o exercício do comércio ambulante e dá outras providências.

 

4ª SESSÃO

 

PROC. 0962/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 057/02, de autoria do Ver. Pedro Américo Leal, que inclui dispositivos no Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores. (Comissão de Segurança Pública)

 

5ª SESSÃO

 

PROC. 0329/02 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 001/02, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que altera o § 1.º do art. 77 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre.

(publicação do veto)

 

PROC. 0849/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 056/02, de autoria do Ver. José Fortunati, que altera a Resolução nº 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores, Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre. (Comissão Permanente de Legislação Participativa)

 

O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr.ª Presidenta, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, quero usar o tempo de Comunicação de Líder do meu Partido para fazer uma avaliação, um comentário a respeito do nosso Congresso, Congresso Nacional do PPS, que ocorreu nesse final de semana, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, onde tivemos a oportunidade de, reunindo militantes de todo o País, discutir durante dois dias a questão do Brasil, as questões internas, nossas responsabilidades e tarefas. Comunicamos aqui o ato político que consideramos de grande importância, onde tivemos a oportunidade de participar de uma caminhada com lideranças do PPS, tais como o nosso candidato a Presidente da República, Ciro Gomes, o nosso Presidente, Roberto Freire, ao lado do ex-Governador Leonel Brizola, o Prefeito Jorge Roberto da Silveira, o Vice-Prefeito Godofredo, que estava presente recebendo os convidados na condição de Vice-Prefeito, e o Deputado Martinez, do PTB. E, quando concluímos o ato de abertura oficial daquele evento, nós constatamos que se tratava de um ato político de um enorme significado para a sociedade brasileira, porque ali se consolidava uma frente política de centro-esquerda apoiando uma candidatura à Presidência da República.

Na história deste País, este fato se constitui numa novidade de uma aliança construída em cima de uma proposta democrática de um socialismo moderno e da unificação de todos os democratas que lá se encontravam na frente nacional, na frente trabalhista nacional, que hoje se rearticula em todo o País, em cima da proposta política de Ciro Gomes à Presidência da República. Uma proposta expressa no discurso que se colocava na defesa intransigente de um processo onde se possa construir uma sociedade com mais igualdade, justiça e democracia, e, para se conseguir a ocupação dessa nova gestão que vai se iniciar no País no próximo ano, que seja construída numa aliança formada em cima da defesa de uma política de desenvolvimento para o Brasil, de uma política de resgate dos atos positivos construídos até agora, como por exemplo: a estabilidade da moeda, mas considerada, pelas grandes lideranças dos Partidos que lá se encontravam, como absolutamente insuficiente para o nível de necessidade de carência que vive a sociedade brasileira. Acredito que, além dos debates - durante dois dias - das questões programáticas, o ato mais importante foi, exatamente, no momento em que o ex-Governador Leonel Brizola colocava, naquele Congresso, que a ação dos patriotas e dos democratas que lá se encontravam, ligados ao apoio da candidatura Ciro Gomes, deveria se constituir na unidade dos partidos para que as ações pudessem ser ações com uma conseqüência muito mais efetiva na defesa das bandeiras políticas que as pessoas e que os partidos, lá representados, defendiam para o Brasil, neste momento de crescimento do desemprego, da miséria e da exclusão social.

Então, para concluir, Sr.ª Presidenta, quero apenas dizer que eu queria compartilhar o registro deste ato político que foi noticiado pela imprensa do Brasil inteiro, pois tive a oportunidade, na condição de delegada, de poder dele participar e contribuir com aquela discussão. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.ª Presidenta e Srs. Vereadores, estamos em plena Semana de Porto Alegre e quem conviveu com Prefeitos da estatura de José Loureiro da Silva, Telmo Thompson Flores ou Guilherme Socias Villela não pode entender certos posicionamentos de Prefeitos que até nem assumem a Prefeitura e já vão saindo; não entraram e já vão saindo.

Ontem comemoraram o aniversário do Brique, eu acho que é uma comemoração válida. Eu aprendi com esses Prefeitos que tem que se respeitar o passado também, tem que se respeitar o autor do fato. Eu lembro que, como Secretário de Obras, eu entregava na presença do então Prefeito Guilherme Sociais Villela, do Ministro de Transportes, do ex-Prefeito Célio Marques Fernandes um trecho da II Perimetral, pronto, ali na Universidade. Na ocasião foi lembrado que aquela obra havia sido iniciada pelo Prefeito Telmo Thompson Flores, que o Secretário de Obras era o Sr. Plínio Almeida, e que depois dele, sim, veio o Prefeito Guilherme Socias Villela, e cito dois Secretários: Jorge Englert e João Antonio Dib. Agora o aniversário do Brique foi comemorado, mas Guilherme Socias Villela e Reginaldo Pujol, que o idealizaram e o localizaram, não foram convidados, não foram citados.

A máquina publicitária da Prefeitura esqueceu que Porto Alegre começou antes do Partido dos Trabalhadores. Se não fosse o que se fez antes do Partido dos Trabalhadores, esta Cidade seria um desastre. Esta Cidade, que guarda o dinheiro no sistema financeiro, mantém somas vultosíssimas rendendo 1% ou 2% e não dá remédio para o menos aquinhoado. Para este ano, estão prevendo ganhos financeiros de 26 milhões de reais, mas os pobres continuarão sem remédio; mas eles fazem publicidade. Nós não fizemos publicidade no passado. Um dia, eu fui chamado de o pai do vale-transporte, a Prefeitura tinha vale-transporte antes do resto do Brasil; nós fizemos licença maternidade de 120 dias antes da Constituição atual; fizemos licença paternidade; fizemos licença para adotar, está no nosso Estatuto; criamos trabalho para menores de 16 até 18 anos. Hoje nós estivemos no SEBRAE, vejam que a Prefeitura de Porto Alegre na nossa Administração deu vantagens para micro, pequenas e médias empresas antes do Governo Federal fazê-lo, mas nós não fizemos publicidade. Agora, se fizéssemos publicidade, nós faríamos justiça.

Então, uma cidade que comemora o aniversário do Brique, que realmente é um ponto de encontro dos porto-alegrenses, não chamar aqueles que o construíram, que o idealizaram... Isso é realmente não ter amor à Cidade. Aliás, o homem não assumiu a Prefeitura e já vai sair! Jurou que ficaria quatro anos e já vai sair! Então, ele não pode mesmo pensar que esta Cidade tem um passado, que esta Cidade foi montada, dirigida, orientada para que ela pudesse crescer sem publicidade. Sem publicidade! Agora, quando o interesse é só partidário, quando o interesse é só promoção publicitária, é claro que deve ser desprezado o passado. Parece, para alguns, que a Prefeitura de Porto Alegre começou há treze anos, dois meses e vinte e cinco dias. Não mais. Muito antes disso a Prefeitura funcionava, para tranqüilidade e segurança de todos os porto-alegrenses. Saúde e paz!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTA (Helena Bonumá): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.ª Presidenta, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, em 1ª Sessão de Pauta o Projeto do Executivo que dispõe sobre o Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos do Município. Ainda não tive oportunidade de examinar com maior profundidade este Projeto, mas vou-me valer do exame feito pela Comissão Representativa de Aposentados Técnicos-Científicos, que, aliás, alguns dos seus membros estão aqui presentes.

Diz a comissão que “o Prefeito, ao encaminhar para a Câmara esse Projeto, descumpriu o disposto no art. 12 da referida Lei, não discutindo com as entidades de servidores municipais o que iria propor”. Ou seja, Ver. Haroldo de Souza, mais uma vez, de cima para baixo, sem discussão com a comunidade. Aquele Executivo, que diz que é transparente, que é democrático, que é popular, não discutiu com a categoria.

Mais ainda: ignorou o § 11.º do art. 10, pois, em vez de propor a regulamentação da lei aprovada aqui nesta Casa, pretende alterar dispositivos da recente Lei n.º 466. Ou seja: impor a sua vontade e não regulamentar o que ali estava dito e aprovado por esta Casa. “Foi mais além - diz a comissão dos aposentados, dos técnicos-científicos -, pois pretende também alterações em diversos dispositivos do atual Estatuto dos Funcionários Públicos, Ver. João Antonio Dib, aquele que V. Ex.ª tanto defende, a Lei Complementar n.º 133. Ao todo são trinta e quatro artigos que serão modificados, ou revogados. Quer dizer, o Executivo não está regulamentando a Lei da Previdência, ele está regulamentando, modificando a Lei do nosso funcionário público. Constata-se que, ao invés de uma lei singela de regulamentação, pretende-se uma pseudo-autarquia a ser manipulada pelo Executivo, contrariando o disposto no Parágrafo Único do art. 48 da Lei Orgânica. Diz mais ainda: vê-se a intenção da famosa “lei do bode”, pois enquanto se prolonga a discussão, permanece um conselho gestor da conveniência da Prefeitura. Entende a Comissão que não bastará uma rejeição contundente do abuso proposto; é preciso uma resposta à altura para que, observando-se os princípios da Lei Orgânica, possa haver para o futuro segurança quanto à sua observância. Nós aprovamos nesta Casa uma lei fundamental, Ver. João Antonio Dib, e agora vem o Prefeito, fora de prazo, encaminhar a regulamentação. Nós entendemos que é um assunto complexo. Até permitimos que seja fora de prazo, porque o assunto é delicado, mas ele está fazendo uma ditadura, impondo conceitos que não estão na lei, modificando-a pelo decreto, pela regulamentação. Peço muita atenção dos Srs. Vereadores sobre esse aspecto que deverá ser aprofundado nesta Casa.

Há também dois Projetos sobre o mesmo assunto: o meu Projeto que altera e acrescenta dispositivos à Lei Orgânica, tornando obrigatória a execução dos orçamentos públicos, e um do Ver. Sebastião Melo com a mesma providência. Tendo em vista que o Projeto do Ver. Sebastião Melo foi protocolado anteriormente ao meu, eu comunico aos Srs. Vereadores que estou pedindo a retirada do meu Projeto, porque já há outro semelhante e de igual importância. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, especialmente o público que nos honra com a sua presença no Plenário desta Casa, na mesma esteira do Ver. João Carlos Nedel, eu quero, neste curto espaço de tempo, discorrer, mesmo preliminarmente, sobre a Lei que regulamenta a previdência do Município, a PREVIMPA.

Eu quero dizer, Ver. Estilac Xavier, que os senhores não vão contar com o meu voto na Lei como ela está. E vou dizer por que não vão contar com o meu voto.

Eu assisti aqui, Sr. Presidente, ao longo do primeiro ano de mandato, a um discurso quase patético do Governo quanto à necessidade de estabelecer um regime próprio de previdência. Eu posso mandar resgatar todos os debates, todos os pronunciamentos do Líder do Governo e de todos da bancada governista que queria criar um regime para que fosse enxuto e transparente.

Ver. Luiz Braz, os senhores têm de ler com atenção os dois Projetos que estão na Casa, porque eu me dei conta só do primeiro Projeto, e esse Projeto não pode correr sem estar apensado ao outro Projeto, que é o que cria os cargos de carreira. Só para os senhores saberem: só de cargos de carreira são setenta e quatro cargos que querem criar e, entre FGs e os cargos em comissão, mais dezenove. Pelo o que eu sei, o Montepio do Município tem entre sessenta e setenta cargos, e sempre diziam que era uma máquina extremamente inchada. Pois eu estou vendo aqui, Ver. João Antonio Dib, acho que querem criar um novo “ipezinho” em Porto Alegre. Por quê? Porque, Ver. João Antonio Dib, é verdade que uma autarquia tem que estar vinculada, e quanto a isso nem V. Ex.ª e nem eu - e qualquer jurista de plantão pode dizer que sim; agora, o que está dizendo a Lei no seu art. 2.º é o seguinte: “A PREVIMPA fica vinculada à Secretaria Municipal de Administração a qual compete definir as políticas de recursos humanos e previdenciários.”

Então, nós temos que rasgar a Lei Orgânica no seu art. 48, quando ela diz, com clarividência, que quem tem de gestar a previdência no Município são os municipários. E no outro artigo diz o seguinte: “No Conselho de Administração - Ver. Luiz Braz -, o Prefeito indica nove e os funcionários escolhem nove.” Quem é que vai administrar a previdência? São os servidores ou são os auxiliares de plantão do Prefeito? Mas, mais do que isso, eu vou jogar todo o dinheiro da previdência no caixa da Prefeitura, que hoje é o Prefeito que não quer governar, porque eu espero que o Prefeito que assumir governe a Cidade.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite uma aparte? (Assentimento do orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Então, por favor, não é sério esse Projeto. O Prefeito vai ter que retirar esse Projeto em nome da seriedade. Não é sério esse Projeto, Sr. Presidente. Pela falácia que se deu neste Plenário. Setenta e quatro cargos para administrar a previdência dos municipários? Consultaram os senhores sobre isso? Consultaram as entidades ou só consultaram o fórum do rei? Aquele fórum que circunda só em torno dos interesses do Partido dos Trabalhadores? O conselho do rei foi consultado, também, ou nem o conselho do rei foi consultado?

Eu quero pedir a V. Ex.ª, Sr. Presidente: vamos ter de pedir diligências para saber se as entidades foram ouvidas, porque a lei estabelece que o Projeto só poderia vir para a Câmara se tivessem ouvido as entidades.

Meu tempo é escasso, meu Líder governista, Ver. Estilac Xavier, mas eu, pela maneira democrática que sempre norteio os debates, uma vez que seja rápido, vou conceder a V. Ex.ª uma rápida intervenção.

 

O Sr. Estilac Xavier: Serei breve e agradeço. V. Ex.ª é muito célere em adjetivar o Projeto. O Projeto só tem dois cargos em comissão de provimento livre do Prefeito; o resto tudo é estrutura que sempre garantimos aqui: paridade e transparência. Qualquer outra informação V. Ex.ª pode obter. Portanto V. Ex.ª exorbita, no meu ponto de vista, ao adjetivar sem conhecer toda a estrutura.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Agora, V. Ex.ª não nega que são setenta e quatro cargos de carreira, não é?

 

O Sr. Estilac Xavier: Informo-lhe mais: são cento e quatro cargos.

 

O SR. SEBASTIÃO MELO: Mais os outros dá cento e quatro, cento e quatro para administrar o fundo de previdência dos municipários! Não é sério isso, Sr. Presidente?

Então nós, evidentemente, primeiro vamos requerer que sejam apensados esses processos, porque eles não podem correr em separado, eles têm conexão um com outro. Eu não posso discutir o Departamento, o PREVIMPA sem discutir os cargos. Portanto, são matérias conexas e não podem ser discutidas separadamente.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, vamos ter de baixar esse processo de diligências e muitas diligências, porque eu quero dizer que com esse espírito aqui não contem com o meu voto. Vou trabalhar que nem um tigre aqui nesta tribuna para que esse Projeto não seja aprovado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Registramos a presença do Deputado Federal Osmar Terra da Bancada do PMDB.

O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o número de cargos a serem criados não está em debate neste momento, o que será trazido à Pauta na próxima quarta-feira.

Não conheço coisas diferentes do certo e do errado; não conheço meio certo e meio errado. Se fosse Prefeito, não mandava esse Projeto de Lei para a Casa. Se fosse Prefeito, e meu Secretário mandasse esse Projeto, eu mandava retirar depois do primeiro debate.

Nós fizemos uma lei, que foi aprovada por vinte e oito votos, e, examinando as regras colocadas nesta Lei, percebo que elas não estão contempladas aqui. Nós elegeríamos o Presidente da PREVIMPA para um mandato, e agora o Prefeito está dizendo que o Diretor-Geral será nomeado pelo Prefeito, podendo ser demitido pelo Prefeito. Quem tem mandato não é demitido. Não estou entendendo.

O Prefeito está dizendo que nove membros, representantes do Município e designados pelo Prefeito Municipal farão parte do Conselho de Administração. Não está na Lei n.º 466/01, e se não está nesta Lei, não vou aceitar. Gosto das coisas feitas com correção, com seriedade, responsabilidade e também legitimidade.

Vejo coisas estranhas, quando uma mãe, que vive com sua filha, a vida inteira - são só aquelas duas pessoas - que antes estava amparada e poderia receber pensão, agora não pode mais, mas "considera-se também companheiro ou companheira para fins de benefícios previdenciários, a pessoa do mesmo sexo”. Eles já tentaram fazer isso no Estatuto dos Servidores Municipais, lá ainda não passou, continuam tentando. E há uma série de outras coisas aqui colocadas que me dão a entender que o Prefeito, realmente, não sabe o que está acontecendo na Prefeitura, que ele deveria ter assumido a Prefeitura, não assumiu, jurou que ficaria quatro anos, não vai ficar um ano e quatro meses, não vai nem completar isso! Já vai saindo, aliás, ele não entrou!

A Procuradoria da Casa é muito clara, ela faz uma análise muito boa do Projeto – se é que assim que posso chamar –, do Prefeito. E termina dizendo, depois de assinalar todas as alterações do Estatuto do Servidor e da própria Lei 466: (Lê.) “Legalmente, está correto...” Diz ele. “...mas, há de assinalar finalmente que a Proposição instituiu a organização da autarquia diferente da originalmente prevista na Lei Complementar 466/01”. O que não autoriza a caracterização de ilegalidade ou conflito, haja vista que o Projeto de Lei é da mesma natureza, é uma Lei Complementar que altera Lei Complementar.

Mas, na terra dos homens de honra, na terra dos homens de palavra, está tudo errado! E não é meio errado, está tudo errado! Está havendo falta de seriedade, falta de responsabilidade e falta de dignidade! Este Projeto não pode prosperar nesta Casa, porque é contrário a tudo aquilo que nós aprovamos aqui! A posição dos que me antecederam aqui colocaram é a minha, com muito mais veemência, porque eu dei o Parecer naquela Comissão. Parecer que foi aprovado por grande maioria, Projeto que foi aprovado por grande maioria. Mas, nada do que estava lá no Projeto está aqui agora. Até algo que se reclamava que o Montepio colocava no seu Projeto – num dos projetos que aqui foram apresentados – 2% para a Administração, aqui para a Prefeitura, valem 2% para a Administração. Ora, eu não estou entendendo mais nada.

Sr. Prefeito, o senhor vai sair no dia 5, quem sabe, o senhor faz um ato de dignidade e de seriedade: manda retirar esta coisa desta Casa, porque isso não é o que o servidor municipal precisa e quer. Saúde e paz. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Ver. Reginaldo Pujol, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, este Vereador tem, ao longo do tempo, criticado a EPTC por investir muito pouco em campanhas educativas, campanhas informativas, principalmente nas escolas. Mas, quando o Ver. Záchia faz isso, Ver. João Bosco Vaz, é porque entende que essas campanhas educativas, essas campanhas informativas, principalmente às nossas crianças, estarão servindo, primeiro: para esclarecer todas e quaisquer dúvidas desses jovens e futuros motoristas, para que possam ficar inteirados sobre o novo Código Brasileiro de Trânsito para que não sejam penalizados pela fúria arrecadadora desses pardais, desses equipamentos eletrônicos. Há de se dizer que essa é uma bandeira do Ver. Záchia, que desde 1999 fala nisso, que é um crítico dos pardais. E que o Ver. Záchia não entende que isso possa diminuir a violência; que isso possa, através dessa fúria de arrecadação, educar os motoristas de Porto Alegre. Então, Ver. Záchia, a sua opinião ela é parcial, não serve para uma reflexão maior que, obrigatoriamente, nós temos que fazer na Cidade.

Todos os Srs. Vereadores e as Sr.as Vereadoras receberam esse exemplar do “apitaço”, que é do Sindicato dos Agentes de Fiscalização de Trânsito no Município de Porto Alegre, azuizinhos. Esta é uma publicação dos Agentes à população de Porto Alegre. E o que diz esta pequena publicação dos agentes, o “apitaço”? A direção da EPTC prefere investir na automação de fiscalização, entre parênteses, aquela que não interage com a comunidade: instalação de mais lombadas eletrônicas, pardais e caetanos, a investir em aprimoramento técnico do fator humano da fiscalização. Segue, nesta pequena publicação do Sindicato dos azuizinhos: “Outra pergunta que fizemos a atual Direção da EPTC é o motivo pelo qual retirou os agentes de fiscalização do trabalho de interação com as escolas, com as empresas de ônibus e empresas de transporte de cargas.” Ora, não é o Ver. Záchia que está dizendo isso, mas os próprios agentes, funcionários da EPTC. Os agentes entendem que essa relação com a comunidade junto às escolas de Porto Alegre, junto às transportadoras de carga e empresas de ônibus pode educar os futuros motoristas, os alunos de segundo grau das escolas públicas e particulares, pode educar os motoristas do transporte coletivo de Porto Alegre e os motoristas de transportes de carga de Porto Alegre. Eles foram retirados, pela atual direção da EPTC, desse trabalho de interação com a comunidade. Não é o Ver. Záchia que está dizendo isso, é uma constatação dos fiscais da EPTC.

O Ver. Záchia sempre constata nos números fornecidos pelos balanços da EPTC, que ano após ano é investido menos em educação, são diminuídos os recursos para investimento em campanhas educativas. Diz o Código Nacional que, obrigatoriamente, 95% da arrecadação de multas tem que ser investido em segurança de trânsito. Segurança de trânsito – leia-se educação, campanhas educativas e informativas. Cobramos, sempre, já que aumenta a arrecadação através dessa fúria dos pardais e dos caetanos, que também sejam aumentados os investimentos em campanhas educativas. Mas a EPTC - ao contrário de uma lógica de cada vez mais investir em educação -, diminui os investimentos em educação, em informação para que a população fique desinformada, cometendo mais infrações, e os cofres municipais, com isso, arrecadem mais. Não é uma opinião só do Ver. Záchia, que mantém essa opinião desde 1999, mas também do Sindicato dos Agentes de Trânsito, dos azuizinhos, através de uma publicação. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Reginaldo Pujol, presidindo a Sessão nesta tarde, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores, o meu amigo Darvin chamou-me a atenção para alguns artigos do Projeto de Lei do Executivo, que tenta regulamentar a previdência dos senhores funcionários públicos municipais. Eu acabei dando uma olhada geral e, além daqueles artigos que V. S.ª me indicou, Darvin, acabei vendo outros problemas graves e que temos de corrigi-los durante a tramitação desse Projeto. Eu não acredito, de forma alguma, que haja tanta má-fé por parte da Administração Pública deste Município, que queira prejudicar os funcionários públicos, ou que aquela nossa avaliação inicial, quando estávamos votando aquele Projeto de Lei da Previdência, e que eu defendia que tínhamos de preservar aquele patrimônio do Montepio, trocar os homens que lá estão, se assim o quisessem, mas preservar aquele patrimônio para o bem dos funcionários públicos municipais, esse nosso argumento sucumbiu diante de argumentos de que a previdência deveria ficar em mãos dos funcionários públicos municipais. E, quanto a isso, nós nos curvamos, nos dobramos. Mas só que o Projeto que é enviado para esta Casa desmente completamente aqueles argumentos que ouvi por parte de alguns funcionários e daqueles discursos maravilhosos, mirabolantes de algumas lideranças do PT, que vieram a esta tribuna explicar por que o Montepio teria de ser destruído e por que se deveria criar um novo organismo nas mãos dos funcionários públicos. Aqueles discursos estão desmentidos na matéria que foi enviada para esta Casa. Darvin, nós temos no Projeto que foi aprovado aqui nesta Casa, lá no § 6.º do art. 10, diz: (Lê.) “O Conselho de Administração, órgão máximo da entidade, constituir-se-á de dezoito membros titulares e respectivos suplentes, todos detentores de cargos de provimento efetivo, ou neles aposentados...” Isso tudo aqui em eleição. O que diz o Projeto do Governo? O Projeto do Governo diz que serão nove membros indicados pelo Prefeito, e nove membros que serão eleitos pelos funcionários. Ele está repartindo, a Lei não fala em repartição, a Lei diz que são dezoito membros que são eleitos por uma eleição livre por parte dos funcionários públicos. Esse Conselho de Administração é quem vai ter a incumbência, mais tarde, de escolher as três pessoas que vão dirigir, que vão ser da parte executiva do PREVIMPA. Desses três, um deles será o diretor-geral, e os outros vão ocupar as duas outras diretorias, a previdência e a financeira. Ora, no Projeto que vem para cá, mostra que o Executivo - como nós estávamos apregoando antes -, quer se adonar do patrimônio dos funcionários públicos do Município, o Projeto que aqui está diz que o diretor-geral será de livre nomeação por parte do Prefeito Municipal. Isso é vergonhoso, isso é criminoso! O Executivo Municipal mostra com este Projeto quais as suas reais intenções, e o perigo que correm agora os funcionários.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª me permite uma aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Braz, na forma como este Projeto está, ele não vai passar nesta Casa.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, eu quero recordar que a Emenda Constitucional que alterou o sistema de previdência estabelece a paridade no caso da gestão do órgão. V. Ex.ª sabe que nós sempre fomos contrários a isso, este Projeto foi feito com base na Constituição.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Estilac Xavier, V. Ex.ª sabe muito bem que nós aprovamos um projeto, aqui nesta Casa, e foi um projeto que passou com os argumentos utilizados por V. Ex.ª e pela Bancada de V. Ex.ª, os argumentos utilizados e que deram origem a todos os artigos, parágrafos, incisos da Lei que nós aprovamos aqui, contra o voto inclusive deste Vereador, diz que o Conselho de Administração será eleito. Eleito! E que esse Conselho de Administração eleito vai indicar três diretores, e um desses diretores será o diretor-geral, não terá livre nomeação, não existe livre nomeação na Lei que nós aprovamos aqui, e aí V. Ex.ª ao invés de se basear na Lei que nós aprovamos nesta Casa, e que foi trabalhada por V. Ex.ª, cujos argumentos de V. Ex.ª foram vencedores, V. Ex.ª vem aí com uma nova legislação, com outros textos para dizer que não é isso que nós devemos fazer, mas eu quero que V. Ex.ª e a sua Bancada honrem o Projeto de Lei que V. Ex.ª passou aqui nesta Casa.

Voltarei a este tema oportunamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada, Ver. Reginaldo Pujol, no exercício da presidência dos trabalhos. Vem bem a propósito a discussão do PREVIMPA. Parece-me que longe de desrespeitar os funcionários ou de querer apropriar-se do dinheiro público, do dinheiro dos funcionários, a Administração Popular age com muito senso de responsabilidade ao mandar para cá o Projeto da autarquia de previdência. Por que digo com muito senso de responsabilidade? Porque nós já vivemos a experiência de um instituto somente gerenciado por funcionários, sem a possibilidade da incidência do Poder Público. Nós já vivemos a impotência diante da privatização por parte de funcionários, sim senhores, do que era patrimônio público e dos funcionários. Um sistema onde era impossível, não se tinha instrumentos de como incidir, de como garantir transparência, de como garantir uma aplicação correta dos recursos dos funcionários. E o Governo - independente da Lei aqui aprovada que foi mérito da Câmara de Vereadores e que cada vez fica mais comprovado que foi acertado, e pela história que nós estamos vendo do Montepio que agora começa a se explicitar -, sim, ousa trazer de volta o debate da administração do PREVIMPA, o Governo Municipal não concorda com a administração só nas mãos dos funcionários, e parece-me que preserva um princípio constitucional importante, onde os funcionários e quem está no Governo Municipal, que tem de responder pelo exercício do Governo, ambos colaboram e fiscalizam-se mutuamente; parece-me que esta é a formulação ideal, que não se permite nem que os funcionários e sua parte acabe deturpando, privatizando e não entendo ao conjunto do interesse dos funcionários e do serviço público e do orçamento público, e nem por outra parte, apenas o Governo, e mesmo que eleito não ouça e não dê espaço aos funcionários. Então a paridade, a divisão paritária a gestão do PREVIMPA, tem um mérito importante.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Agradeço Vereadora seu pronunciamento elucidativo, eu quero contribuir alertando ao Ver. Luiz Braz e o Ver. João Antonio Dib, e este alerta é no sentido de assinalar de que a Constituição foi emendada e alterou o artigo 194 que diz o seguinte - bem na esteira do seu pronunciamento: “A previdência terá caráter democrático descentralizado, mediante gestão quadripartite – isso se referindo à União - com participação de trabalhadores, os empregadores aposentados do Governo.” Aqui, no caso, o empregador e o Município é a mesma coisa, assim neste caso aqui a gestão é bipartite, porque a União ainda tem os trabalhadores da empresa privada, nós estamos tratando só do regime dos funcionários locais. Portanto, as propostas àquela Lei - nós sempre frisamos -, são inconstitucionais; aliás, já aprovamos algumas vezes e esta foi uma sustentação que fizemos e vamos voltar a fazê-lo no curso do debate. Obrigado.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu lhe agradeço, Ver. Estilac Xavier. Srs. Vereadores, frisa bem que a Constituição também toma precaução de não ir nem tanto lá, nem tanto cá. É uma precaução importante - eu volto a insistir. Nós não estamos tratando de interesses só dos municipários, quando se constitui um Fundo de Previdência, nós estamos tratando do interesse dos municipários e do serviço público, do Orçamento Público, portanto, a comunidade tem responsabilidade sobre ele. Então, não dá para nós acharmos que nós vamos colocar só na mão do corpo, e olha, falo eu que sou municipária. O Governo, o Prefeito, os Secretários respondem pela Sociedade em geral, foi eleito para isso, e aquela verba é uma verba pública, tanto contribuem os municipários como contribuem os cofres públicos para esse fundo, que, aliás, já está funcionando muito mais e já está juntando valor muito mais significativo que o próprio Montepio diz que tem de patrimônio.

Então, nós temos que pensar neste sentido, nós, enquanto Câmara, não podemos só pensar na perspectiva dos funcionários, não. E mesmo os funcionários vão compreender, eu tenho certeza, que é uma proteção para si mesmo esse partilhamento de poder esta fiscalização mútua, essa convergência, ou esse espaço para o ponto de vista do interesse do funcionalismo e o ponto de vista do interesse do público. É importante esse equilíbrio. Olhem, vocês, o que está acontecendo com o Instituto de Previdência do Estado, que nós queremos que seja sanado, sim, para o bem dos funcionários. Há ônus, com certeza, para os funcionários; mas como que os funcionários vão ter salários mais dignos - da ativa, dos aposentados - se nós não contribuirmos mais, não construirmos outra forma de gerenciamento ou não tornarmos transparente a gerência pública? Então, me parece que esse debate vai ser profícuo, Ver. Reginaldo Pujol, e eu encaminho dizendo que tenhamos menos preconceito e trabalhemos com responsabilidade essas questões. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, visto que pelo Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, aprovado anteriormente, o período de Comunicações de hoje fica prejudicado, e também como não há Comunicações na quarta-feira, e sendo a sexta-feira prejudicada também pelo feriado, eu gostaria de fazer um Requerimento para que o período de Comunicações de hoje seja transferido para quarta-feira, sem prejuízo dos oradores no período de Comunicações durante esta semana, visto que, a continuar da forma que está, nesta semana não teremos oradores nas Comunicações, prejudicando esses oradores de segunda-feira.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Ver. Marcelo Danéris, os oradores que estão inscritos em Comunicações hoje disporão da oportunidade de utilizar esse período no primeiro momento em que tal for regimentalmente possível, podendo ser, inclusive, no dia de hoje, se nós cumprirmos toda a Ordem do Dia - o que, convenhamos, é uma pretensão desajustada da nossa parte. Mas, de qualquer sorte, na próxima segunda-feira estará plenamente assegurado o tempo daqueles que hoje ocupariam, pelo rodízio, o período de Comunicações. Não é possível, porque é previsto que na Sessão de quarta-feira não há período de Comunicações, tão-somente por isso.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: A minha dúvida é se por Requerimento do Plenário, votado pelos Vereadores, não seria possível.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Vereador, eu, pessoalmente, entendo que não seria possível. Mas, nesta Casa, ultimamente, está-se podendo muita coisa.

O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, embora não estejamos mais na Pauta, eu quero, de qualquer modo, retomar a discussão em torno desse processo que eu pensei que não retornaria mais à Casa nos termos em que está retornando, que é o processo relativo à Previdência Municipal.

Não me surpreende que o Prefeito Municipal - ao se preparar para deixar a Administração Municipal, que jamais, efetivamente, assumiu ao longo desse pouco mais de ano em que ocupa a Praça Montevidéu -, repita o gesto que foi, também, a sua marca na Administração anterior: o desrespeito com a sua própria palavra. E que ele repetiu, aliás, desta vez, com uma espécie de desfaçatez ainda maior.

Na Administração anterior - o Ver. João Antonio Dib tem registrado isso muitas vezes - o Prefeito Tarso enviou a esta Casa Projetos em torno dos funcionários públicos e, descontente com os encaminhamentos dados por esta Casa, ou tendo mudado de idéia no decorrer do processo aqui desdobrado, ele, simplesmente, entrou na Justiça contra aquele Projeto, riscando a sua assinatura, esquecendo a sua assinatura, traindo a sua assinatura.

Neste ano, além de rasgar o juramento que havia feito - porque foi em termos de juramento do ponto de vista ético e moral em relação ao eleitor de Porto Alegre, garantindo que permaneceria os quatro anos na Administração Pública Municipal quando candidato era - digo que não chega a me surpreender quando, mais uma vez, usando de subterfúgios que são aqui retomados pelo seu Líder, vem agora querer rediscutir uma coisa que já havíamos discutido e sobre a qual tínhamos fixado uma posição muito clara desta Casa.

Eu acho, em primeiro lugar, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, do ponto de vista ético e moral, um desrespeito com a Casa como instituição, porque foi longo o debate. Eu fui um daqueles que, junto com o Ver. João Antonio Dib, advoguei que deveríamos buscar uma mediação na questão. Hoje me sinto, sinceramente, simplesmente escarnecido. Sou obrigado a reconhecer, uma vez mais, que não dá para acreditar na palavra do Partido dos Trabalhadores! Mais uma vez, alguém do PT diz, assina uma coisa, pisa em cima, rasga e vem propor outra.

De qualquer maneira, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem razão uma Vereadora que aqui me antecedeu em dizer que deveríamos voltar a discutir isso sem preconceitos. A melhor maneira que temos para voltar a discutir isso sem preconceito é muito simples, Ver. João Antonio Dib, Vereadores de oposição: é aceitarmos essa carona lamentável que o Prefeito Tarso Genro coloca nesta Casa mais uma vez, elaborarmos um Substitutivo que, de vez, liquide o assunto, e, realmente, reencaminhar uma votação, se for o caso, que respeite de fato os funcionários.

A outra alternativa - já um Vereador que me antecipou apontou igualmente - é simplesmente rechaçarmos os dois Projetos que aqui estão, exatamente porque eles não respeitam nada daquilo que publicamente foi aqui discutido, foi aqui firmado.

Eu quero dizer, em todo o caso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que fica cada vez mais difícil - e lamento que o futuro Prefeito João Verle tenha de herdar isso - negociar politicamente com o Partido dos Trabalhadores e seus representantes, porque passa ano ou passam alguns meses e os seus representantes, às vezes, valendo-se da força que imaginam ter, pretendem simplesmente passar por cima daquilo que assumiram, daquilo com que se comprometeram.

E, respeitosamente, Ver. Estilac Xavier, V. Ex.ª sabe que essa modificação da Constituinte não é posterior à nossa votação, ela é anterior! E, portanto, alegá-la, neste momento, é também, ainda que respeite a sua função de Liderança - me refiro sobretudo ao Prefeito -, é apenas uma demonstração de má-fé e de tentativa de engodo desta Casa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, os jornais, todos, informam, noticiam a invasão à propriedade de integrantes da família do Presidente da República, compondo quadro de prática própria desse Movimento, do denominado Movimento Sem Terra. Aliás, até é bom se destacar uma entrevista do Presidente de Honra do PT, quando, me parece, coloca uma lucidez na sua análise, quando diz que esse Movimento dos Sem Terra compromete ou comprometerá uma reforma agrária em nosso País. E eu não tenho dúvida, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que se foi a possibilidade e a credibilidade para se fazer uma reforma agrária no País, com conteúdo técnico, politicamente correta e socialmente capaz de resolver a questão agrária.

Eu, outro dia, quando o Movimento queria tirar a bandeira do Brasil, em Livramento - olha só, à unha! -, dizia até que se tratava de um bando. É uma expressão meio forte, mas é o que se pode dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores.

Agora, todos vimos ali, invadem uma propriedade, agridem a intimidade - vejam bem, está ali a sala, fizeram um baile, uma bailanta na sala, com um gaiteiro e todo mundo dançando; invadiram os aposentos da intimidade da família, jogaram a bandeira na cama. Eu imagino como deixaram a referida casa, porque a regra é ingressar, destruir tudo, fazer necessidades pela casa. É uma coisa deliberada, e, depois, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, reclamam o apoio legal. Vejam só, estão ali numa transgressão violenta e reclamam o apoio legal, porque o direito, etc. etc. e tal, tem que ter mandato, não tem que ter mandato...

Então, é um movimento muito perigoso, que em nada tem contribuído, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para se desenvolver um projeto capaz, efetivo, de se melhor, tecnicamente - vejam bem -, distribuir a propriedade em nosso País.

É lamentável o que vem acontecendo. Eu não sei se aí não está a semente das FARCs. Eu acho que nesse Movimento, que não tem cara, tem uns responsáveis, mas não assumem. Eu não sei se aí não está uma semente das FARCs.

Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje se homenageou o Partido Comunista do Brasil, Partido que ofereceu jovens, sangue pela democracia, pela liberdade. Nós conhecemos a história dos “Cabos Anselmos”, que ingressaram no movimento social exatamente para que esse não avançasse. Então, o papel que hoje faz o Movimento dos Sem Terra é exatamente um papel contra a democracia. Nós temos que conclamar nos parlamentos, nas praças, que é um movimento contra a democracia, porque não observa regras, não tem finalidades; busca senão o que estão fazendo: são agressões, são coisas sem propósito.

Assim, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de forma irresponsável e inconseqüente, nós não chegaremos àquelas transformações que este País rico, imenso e magnífico que é o Brasil precisa para que se distribuam as riquezas e se resolvam as injustiças sociais.

Portanto, fica aqui, Sr. Presidente, a nossa manifestação contrária, repudiando essa atitude maléfica do Movimento Sem Terra, que não está contribuindo para o desenvolvimento de nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Agradeço, Sr. Presidente, colega Reginaldo Pujol, Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores e público do Canal 16, eu vou falar mais detidamente sobre esse ponto que diz respeito ao Projeto que o Governo mandou sobre a Previdência. Eu até fico estimulado a falar, porque fui um dos que sustentou, junto com a minha Bancada, de forma muito persistente, o conjunto de ilegalidades que a Câmara aprovava naquele momento da Lei que definiu o regime próprio da previdência dos servidores públicos.

Nós alertamos para o fato do plebiscito, alertamos para o fato da gestão, alertamos para o fato dos benefícios não previstos na Lei n.º 8.213, e a Emenda Constitucional n.º 20 é anterior a todo este debate. Os Vereadores sabiam, fizeram opções políticas. Eu vejo alguns Vereadores aqui falando como se fossem representantes exclusivamente dos funcionários.

Ora, a compreensão é de que o serviço de previdência pública é primeiro de interesse dos funcionários - isso nós estamos resguardando -; agora, notadamente, isso é interesse de ordem pública de toda a população. Ou os senhores acham que a previdência é uma questão só dos funcionários públicos? Quem disser isso terá que vir aqui declarar claramente. Ou se esquecem que a própria Lei determinou que, para cada  1 real posto dos recursos dos funcionários, haverá 2 reais dos cofres públicos? De quem são esses recursos dos cofres públicos, esses 2 reais? Um real é do salário dos trabalhadores, pago por eles, pelo ganho do seu trabalho como funcionários no exercício do seu dever funcional; os outros 2 reais são da sociedade. Quem é que foi colocado para ser o responsável, em nome da sociedade, dos recursos públicos? Ora, o Prefeito. O que quer a Câmara, ao manter essa Lei ilegal que nós aqui novamente queremos corrigir mediante esse Projeto de Lei? Fazer com que o Prefeito possa ter a responsabilidade na administração dos recursos, que é o seu dever constitucional e não o afastamento que os Vereadores querem fazer, que eu penso que tem um fundo de apelo demagógico.

Sou pouco tentado a usar essas terminologias, mas, convenhamos, quando ouvimos os Vereadores dizerem aqui que os funcionários têm de fazer isso, têm de fazer aquilo, que são os donos dos recursos, isso não é verdade. Todos sabem que ao Montepio foi retirado o poder de gestão por decisão desta Casa. Todos sabem que lá há um passivo de 2 bilhões, 950 milhões de reais, que esta Casa avaliou. Todos sabem que existem ações no Ministério Público que afastaram dois dos diretores por improbidade. Todos sabem que foram quebrados os sigilos bancários e sigilos fiscais por conta da gestão do Montepio. E ainda há aqueles que aqui fazem saudosas referências a essa questão. Isso já está resolvido, do ponto de vista político, público e legal. E foi isso que o nosso Governo encaminhou para cá, para fazer o debate democrático com esta Casa. Não vejo como se possa alegar. Nós estamos mandando uma lei que cria – eu vou-me corrigir aqui – quatro cargos em comissão: um Oficial de Gabinete, um Assistente e dois Secretários de Conselho. E os três Diretores são cargos de funcionários públicos. Somente cento e quatro cargos, que não quer dizer cargos criados para concursos públicos, porque aproximadamente sessenta vão ser remanejamentos. O professor que me ouve, lá da assessoria da Bancada do PPB, gostaria, depois, de obter o seu auxílio e o da nossa Bancada, porque esse número eu tenho de precisar. Mas há um grande número, praticamente a metade, que é remanejamento de funções já existentes dentro do Município que vão ser recolocadas na PREVIMPA e outros tantos serão criados. E quem cria é esta Casa, para boa gestão do recurso. Todos os funcionários são eleitos na metade do Conselho e os demais serão escolhidos pelo Prefeito, como é de direito constitucional. Este é um debate que nós fizemos aqui e haveremos de fazê-lo novamente, do ponto de vista legal.

Para concluir, eu gostaria de dizer, ainda no leito das questões legais, que nós aqui na Casa temos tido uma tradição de defender as questões, do ponto de vista constitucional e do ponto de vista dos deveres e competências do Prefeito. Em razão disso, já, por três oportunidades, por exemplo, tivemos denegados os mandados de segurança do Ver. Sebastião Melo na questão da água. Eu acho que isto é um exemplo, porque nós postulamos que a Casa tem de ter a sua competência estritamente na ordem da Constituição. Eu penso que isso é bom para a Casa e é bom para a Cidade. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PDT.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Administração Municipal na cidade de Porto Alegre está-se caracterizando - e não é nova a figura, algum Vereador já a usou desta tribuna, identificando esta Administração - como Administração Pinóquio, a Administração que não cumpre os acordos, a Administração que não cumpre a lei em muitos casos.

Há poucos momentos, o Ver. Nereu D’Avila esteve nesta tribuna, demonstrando que, numa matéria da área educacional, a Administração petista está, através de decreto, desrespeitando os dispositivos da lei ordinária, de hierarquia maior.

Ver. Estilac Xavier, Líder da Bancada do PT nesta Casa, quem viver, verá. O tempo se encarregará de mostrar a razão dos Vereadores que contestam o descumprimento da lei, e as medidas arbitrárias praticadas pelo Poder Executivo desta Cidade. E esses desmanches ocorrerão por meio do fórum adequado para a solução de questões que são resolvidas entre pessoas de bem, o Poder Judiciário. Tenho certeza de que nós estabeleceremos o caminho, inclusive na questão do DMAE. Não perca por esperar. Na própria questão da água, V. Ex.ª sabe que a vitória foi uma vitória provisória, de uma liminar não concedida. Não se precipite, Ver. Estilac Xavier. Há o exame do mérito, pelo Juiz da 1.ª instância, e ainda o procedimento sequer foi instruído. E mais: felizmente, ainda neste País nós temos um Poder Judiciário independente. E, mesmo quando adversa a decisão de um Juiz singular, nós podemos dessa decisão recorrer às instâncias maiores, e o Poder Judiciário, em algumas partes do País, e na cidade administrada pela Prefeita Marta Suplicy, do Partido de V. Ex.ª, já está definindo como inconstitucional, Ver. Reginaldo Pujol, a Lei que estabelece o IPTU progressivo. Em memorável parecer de autoria de V. Ex.ª já foi contemplada, de forma pioneira, em profundo estudo jurídico, a veracidade das colocações que hoje estão sustentando posicionamentos de tribunais superiores, em nível nacional, a respeito da inconstitucionalidade da lei da progressividade, da própria norma constitucional, porque sustentam os doutrinadores que uma própria norma constitucional, à luz do ordenamento global, pode ter uma natureza inconstitucional, e isso o tempo... Às vezes, dizemos que o Poder Judiciário é moroso, porque ficamos na angústia da decisão, mas essa morosidade, às vezes, é importante para uma decisão sábia e correta. Agora, V. Ex.as que pregam a democracia, chegando ao excesso do democratismo e, às vezes, do assembleísmo, querem, na área da previdência, mudar a legislação da previdência criada nesta Casa, quando nós aqui sustentamos, na Lei hoje existente, que dezoito membros titulares, eleitos pelo sufrágio universal dos funcionários públicos desta Cidade, vão escolher os dezoito membros conselheiros titulares do Conselho de Administração? O Governo de V. Ex.ª, em Projeto que encaminha a esta Casa, dispondo sobre a previdência privada dos servidores públicos, quer, Vereador, indicar, nomear nove conselheiros, como era no tempo - me socorram - do Senador biônico?! O PT, senhores funcionários públicos municipais, quer, no Conselho da Administração da Previdência dos Municipários, criar nove conselheiros biônicos! Repito: nove conselheiros biônicos, instituindo na área da previdência privada dos municipários aquilo que nós arredamos da ditadura, que era o Senador biônico, e o PT quer restabelecer em Porto Alegre. Não dá para acreditar!

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores. Eu lembro que o Ver. Pedro Américo Leal é autor da frase de que o PT era diabólico quando criava este tal de Orçamento Participativo. Mais ou menos uma frase vinculada a esta veia diabólica do PT de fazer com que a opinião pública creia que é ela que está escolhendo alguma coisa.

Veja bem, Ver. Pedro Américo Leal, de novo o PT está usando esse seu diabolismo para fazer com que o Projeto da Previdência venha para esta Casa e tramite da forma como ele entende, que vai beneficiar apenas o Executivo. Talvez os funcionários públicos ainda não chegaram à conclusão do terrível perigo a que estão expostos.

A Lei Previdenciária, Ver. Pedro Américo Leal, diz o seguinte: “Nos Municípios onde não há a previdência própria, no Município que não criar a sua própria previdência, os funcionários públicos municipais terão que se filiar à previdência oficial.” Então, ou se cria a sua própria previdência, ou se empurram os funcionários públicos municipais para o INSS.

Ora, o que fez o Prefeito Municipal juntamente com a sua Bancada e o seu grupo de assessores? Mandou para cá um projeto que o PT sabe de antemão que é um projeto contestado por todos os Vereadores e por todos os funcionários públicos municipais. Por que ele mandou esse Projeto, então, se ele sabe que isso vai ser contestado? Exatamente porque, Ver. Nereu D’Avila, ele não será aprovado em primeiro plano pelos Srs. Vereadores. Vamos ter de fazer uma série de negociações, de Emendas, remendos e isso vai fazer com que o Projeto não seja aprovado. E como o Projeto não vai ser aprovado, o que vamos ter? Vamos ter o Município de Porto Alegre sem o seu regime de previdência própria. Se não tem previdência própria, os funcionários públicos ficarão com a espada de Dâmocles pendente sobre suas cabeças. Ou eles vão aceitar o que vai oferecer o PT, da forma como ele quer, adonando-se do patrimônio dos funcionários públicos, como dizíamos lá no início, chamando a atenção das lideranças dos funcionários públicos e de alguns Vereadores aqui desta Casa que, teimosamente, resolveram acreditar no PT e colocaram os funcionários nessa situação? Ou vão os funcionários aceitar esse Projeto? Ou então vão ser empurrados para a previdência oficial, que é o INSS?. Essa é a situação dos funcionários públicos.

Não é uma brincadeira. O PT quando faz um projeto tramitar aqui, ele tem já todo um pleno elaborado. É por isso que eles demoraram muito mais do que o prazo estipulado pela lei para mandar o projeto de regulamentação. É porque eles estavam bolando lá qual é a forma mais coerente para poder enrolar o funcionário público, para poder enganar o funcionário público, para dizer ao funcionário público, mais uma vez, aquilo que o funcionário público, de repente, não gostaria de ouvir, mas vai ser obrigado a engolir, porque vai ficar entre duas opções, opções trágicas para os funcionários: ou vão para a previdência oficial ou então vão aceitar a oferta do Partido dos Trabalhadores.

Vejam só, aceitando a oferta do Partido dos Trabalhadores, simplesmente, Ver. Paulo Brum, todo o patrimônio dos funcionários ficará nas mãos do PT, porque quem é que vai gerir esse PREVIMPA? De acordo com a proposição, é exatamente o PT. Ficará nas mãos deles; se não quiserem, realmente, vão ficar numa posição ainda muito mais difícil, porque serão obrigados a serem carreados para a previdência oficial. É diabólico o plano, e é o plano que eles urdiram durante todo o tempo, para fazer com que os funcionários públicos de Porto Alegre começassem a viver, a partir de agora, o seu inferno previdenciário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2107/00 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 012/00, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que autoriza o Poder Executivo Municipal a criar o Conselho Municipal da Família.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77,

§ 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

- Por resultar empatado, deixa de constar o Parecer da CCJ, nos termos do art. 54, § 1º, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o  PLCL n.º 012/00, com  Veto Total.  A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, José Fortunati, Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, o Ver. João Carlos Nedel, com certeza, na maior das boas intenções e preocupado, que eu sei, com a família, com a garantia do vínculo familiar, do espaço familiar, do crescimento saudável dos nossos jovens, pensou nessa alternativa da constituição do Conselho da Família. Porém, o Executivo veta. E nós, mesmo na Comissão de Educação, no ano passado, acabamos, por maioria, rejeitando o Projeto, em função de compreendermos que hoje em Porto Alegre nós já temos constituídos diferentes Conselhos que tratam das questões relativas às famílias. E são muitos, não são poucos, Ver. João Carlos Nedel. Já temos o Conselho da Criança e do Adolescente. Não dá para pensar políticas para a criança e o adolescente sem estar tratando também do vínculo familiar, seja qual for. Hoje, o nosso Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, por exemplo, discute e encaminha crianças para o núcleo de apoio sócio-familiar; ora, é um programa que apóia as famílias, em função do quê? Em função das crianças e dos adolescentes, em função da situação de abandono, de exclusão, de miséria das crianças. Em função dessa perspectiva, temos uma política para apoiar as famílias, com assistência social, com verba mensal, com apoio junto à família para orientação ao trabalho, com possibilidade de qualificação para o trabalho.

Estou dando um exemplo do Conselho da Criança e do Adolescente. Temos o Conselho da Assistência Social, que também tem diferentes políticas que tratam da questão da família desestruturada, da drogadição, das questões das crianças e dos adolescentes, da rua. Encontramos, ainda, o Conselho de Idoso, que também é membro da família, que pensa políticas municipais para a terceira idade, que vai dos programas de assistência aos programas de esporte, de inclusão social.

Os Conselhos Municipal e Estadual da Mulher que tratam de questões específicas de atendimento às mulheres que têm seus direitos violados, na sua grande maioria, dentro do seio da família; trata de construir políticas que apóiem as mulheres em última instância. Hoje, em número crescente, arrimo de família, às vezes o único adulto na família. Portanto, o Conselho da Mulher, ao pensar políticas para trabalhar a questão da violência contra a mulher, está, sim, tratando de família, de núcleo familiar.

Poderia seguir listando: o Conselho Municipal da Saúde, com suas comissões locais de saúde, uma grande estrutura que há na cidade de Porto Alegre, que vai discutir desde o programa de apoio à mãe gestante, à jovem gestante, ao bebê subnutrido; desde a prevenção de doenças transmissíveis, desde o planejamento familiar. Diferentes aspectos que atingem diferentes membros da família.

Assim, temos uma série de Conselhos na Cidade e, ao pensarmos no Conselho da Família, estaremos criando uma sobreposição de funções, o que é muito complicado para a cidade de Porto Alegre, que se torna supérfluo, torna-se conflitivo, que dá dificuldade, inclusive, ao Governo Municipal para se movimentar em relação a esse Conselho.

Então, eu pego um aspecto que, com certeza, é um dos aspectos mais importantes que fizeram com que o Executivo vetasse o Conselho da Família, mas eu gostaria de trabalhar com outros. Volto em uma próxima inscrição. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação o PLCL n.º 012/00, com Veto Total. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati; Sr.as Vereadoras, Srs. Vereadores, encaminho pela Bancada do Partido dos Trabalhadores pela manutenção do Veto ao Projeto do Ver. João Carlos Nedel, que, no seu bojo, no seu teor, possui mérito, certamente. A preocupação do Vereador é com as famílias da cidade de Porto Alegre, mas vou na mesma linha de argumentação da Ver.ª Sofia Cavedon. Nós já temos constituídos em Porto Alegre vários conselhos: o Conselho da Mulher, o Conselho da Criança e do Adolescente, o Conselho do Idoso, o Conselho da Saúde, o Conselho da Educação, enfim, vários conselhos que trabalham toda essa questão abordada no Projeto. O Conselho da Criança e do Adolescente trabalha com as instituições de atendimento, trabalha com a problemática da criança, da infância no Município. Da mesma forma, o Conselho da Mulher discute e coloca as questões da participação da mulher.

Vejo alguns problemas no Projeto quando ele especifica o conceito de família, e nós poderíamos pensar que conceito de família é esse. Por que eu digo isso? Porque sabemos que a grande maioria da população na Cidade é constituída de mulheres, e, mais do que isso, as famílias na Cidade também, na sua grande maioria, vêm sendo chefiadas por mulheres.

Eu pergunto onde ficaria a participação dessas mulheres, dessas chefes de famílias constituídas dentro desse Projeto. Por que eu cito essa questão da participação da mulher como chefe de família? Porque, se nós olharmos no art. 3.º do Projeto, ele delibera, nomeia as representações dessa família da cidade de Porto Alegre, e nós vemos aqui representantes indicados por igrejas, por clube de mães, pela Câmara, pela Prefeitura, pelo Movimento Familiar Cristão, pela Federação da Associação de Pais e Mestres, pela PUC, pela Universidade Federal, pelo Juizado da Infância e da Juventude e pela Promotoria. Ali já está toda a representação desse Conselho. E eu pergunto: essa representação realmente é a ideal? Essa representação que está aqui contempla todos os segmentos da sociedade? Contempla todas as igrejas de Porto Alegre? Contempla toda a população da Cidade? Não. Não há essa preocupação; existe a preocupação de contemplar apenas um segmento, de ser representante de apenas um segmento da população. Nós temos, nos Conselhos Municipais, essa preocupação. Por exemplo, o Conselho da Criança e do Adolescente é representativo, com vinte e um membros, sendo sete representações do Governo, quatorze representações da sociedade civil, sete entidades não-governamentais de atendimento direto à criança e ao adolescente e sete entidades não-governamentais de atendimento indireto. Por que essa preocupação? Porque precisamos ter, efetivamente, nos Conselhos, a representação da pluralidade da sociedade. Isso parece não estar contemplado nesse Projeto, sem contar que ele apresenta um discutível vício de iniciativa. Esse Projeto é contrário à Lei Orgânica do Município. Conforme o art. 94, inciso IV, que diz: “A criação dos Conselhos é matéria de iniciativa privada do Chefe do Executivo”. Pode-se afirmar assim que essa competência privativa é justificada pelo fato de que os Conselhos Municipais são órgãos consultivos do Prefeito, sendo vinculados ao órgão da administração pública. Cabe ressaltar que alguns Conselhos Municipais já são existentes, volto a tocar nesse assunto, tais como Assistente Social, do Idoso, da Criança e do Adolescente, da Mulher entre outros, que já acompanham, consultam, ou deliberam sobre políticas de apoio e proteção à família tendo em vista que o tema não se refere a uma área isolada de política pública.

Portanto, encaminhamos favoráveis ao Veto do Prefeito e contrários ao Projeto do Ver. João Carlos Nedel. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Ervino Besson está com a palavra para encaminhar o PLCL n.º 012/00, com Veto Total.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Sr.as Vereadoras, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias, pessoas que nos assistem pela TV Câmara, quero saudar a todos. Ver. João Bosco Vaz, com o convívio no dia-a-dia com os colegas Vereadores aprendemos muita coisa nesta Casa. A Ver.ª Maria Celeste encaminhou favoravelmente ao Veto Total do Prefeito Municipal a respeito do Conselho. A Vereadora citou vários segmentos que são representados pelos diversos Conselhos. Vereadora, sabemos que a estrutura familiar vem ao longo de várias décadas como uma estrutura onde a sociedade brasileira como um todo é o verdadeiro alicerce vivo para que o convívio familiar venha ao encontro do que a sociedade espera. Visto que a estrutura familiar, nos últimos tempos está tendo um retrocesso, o Ver. João Carlos Nedel, em muito boa hora, entra com este Projeto para criar este Conselho. Está muito claro o art. 3.º, que diz o seguinte: “O Conselho Municipal da Família será composto por onze membros com seus respectivos suplentes para um mandato de dois anos”. Há um representante da Câmara Municipal, um representante da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, um representante do Conselho de Clube de Mães, um representante do Movimento Familiar Cristão de Porto Alegre, um representante da Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul, um representante da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, um representante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, um representante do Juizado da Infância e da Juventude e um representante da Promotoria da Infância e da Juventude. Portanto, esse Conselho está, praticamente, representando todos os segmentos da sociedade de Porto Alegre e do Rio Grande. Não consigo entender que, se hoje se defende tanto a criação de conselhos até para a segurança pública, Ver. Isaac Ainhorn, de repente, quando aparece uma idéia como a do Ver. João Carlos Nedel, o Executivo Municipal veta o Projeto na sua totalidade. Mas consta aqui os Vereadores que estão analisando o Veto, e pelo que parece, Ver.ª Maristela Maffei, o Veto vai ser derrubado, porque entendemos que ele é um belo Projeto. Nós, graças a Deus, somos católicos apostólicos romanos – não que outras religiões não tenham a mesma credibilidade – e somos favoráveis a que a nossa família permaneça unida, e nada melhor do que um conselho para que as pessoas, quando têm algum problema familiar, pelo menos tenham um lugar para se dirigir para obter um aconselhamento para resolver os seus problemas.

Na família na qual houve uma tragédia na Restinga, nesse fim de semana, com a barbárie que aconteceu e a desavença, de repente, um cidadão, pai de pelo menos três daquelas crianças foi lá e ateou fogo na casa, acontecendo a tragédia que todos conhecemos por intermédio da imprensa escrita, falada e televisada. Portanto, tem de haver esse conselho que vem ao encontro daquilo que a sociedade brasileira hoje necessita, porque nós estamos acompanhando, no dia-a-dia, o desastre, a destruição que hoje está acontecendo. A sociedade como um todo está destruindo a união da família, e a família, meus caros colegas, é a grande responsável para nós levarmos esta nossa Pátria, este nosso povo, que hoje não tem onde se aconselhar, e, sim, nós temos que derrubar este Veto, porque ele vem de encontro àquilo que esta Câmara Municipal tanto defende, como grande parte dos Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras. Muito obrigado pela atenção de todos.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar o PLCL n.º 012/00, com Veto Total.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores e Vereadoras, pretende o Ver. João Carlos Nedel, instituir na Cidade o Conselho Municipal da Família. Nós temos sistematicamente nos manifestado na Comissão de Constituição e Justiça contrário aos denominados projetos autorizativos, que, na realidade, são autorizativos; então, não tem conteúdo e não tem força de lei. Nesse sentido, situações semelhantes têm merecido a sanção do Sr. Prefeito. E em Projetos da autoria da sua Bancada, basta-se fazer um levantamento para se constatar que os Conselhos, através do instrumento do projeto autorizativo, têm recebido a sanção do Sr. Prefeito Municipal. Então, o fundamento cai, que é a questão da legalidade. Então, nesse sentido, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós estamos encaminhando contrariamente ao presente Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quem vota favoravelmente mantém o Projeto?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto. “Sim” aprova o Projeto, rejeita o Veto; “não”, rejeita o Projeto, aceita o Veto.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Perfeito. A votação é nominal?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Votação nominal,  obrigatoriamente.

Peço a colaboração da Ver.ª Helena Bonumá para que possamos fazer a votação nominal do presente Veto.

Em votação nominal o PLCL n.º 012/00. (Após a apuração nominal.) APROVADO o Projeto por 21 votos SIM e 10 votos NÃO.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, qual é o horário que está previsto para o encerramento desta Sessão?

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Faltam exatamente três minutos.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Requeiro, Sr. Presidente, votação para a prorrogação da Sessão com três minutos de antecedência, até porque o Projeto que será votado é de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que não se encontra presente. Por uma questão de cortesia parlamentar, pela ausência da Vereadora, nós estaríamos inviabilizando o debate.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, solicitada pela Ver. Adeli Sell, o Requerimento de autoria do Ver. Isaac Ainhorn. (Pausa.) Solicito que a Sr.ª 1.ª Secretária proceda à chamada nominal.

 

(A Sr.ª 1.ª Secretária procede à chamada nominal. )

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): (Após a chamada nominal.) Dez votos SIM e 03 votos NÃO.

Não temos quórum regimental.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h51min.)

 

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